Presidente da Águas de Portugal apresenta demissão
O pedido de renúncia ao cargo já tinha sido apresentado ao Governo a 13 de Abril, mas só agora é dado a conhecer, depois de se saber que o aumento de capital da Águas de Portugal foi travado.
O presidente do conselho de administração da Águas de Portugal, José Furtado, renunciou ao cargo que ocupava, a cerca de um ano e meio do fim do mandato. O pedido de renúncia, segundo esclarece agora o Governo, que, por sua vez já aceitou a demissão, tinha sido apresentado no passado dia 13 de Abril, mas só agora é oficialmente conhecido, depois de ter sido noticiado que o executivo de Luís Montenegro dera indicações para inviabilizar o aumento de capital que estava planeado para a empresa pública.
Os detalhes são esclarecidos, nesta quinta-feira, em comunicado enviado pelo Ministério do Ambiente e da Energia às redacções. "O presidente do conselho de administração do grupo Águas de Portugal, José Furtado, aquando do início de funções do Governo, solicitou uma reunião à ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, a qual se realizou a 12 de Abril", começa por relatar o comunicado.
Foi logo nessa reunião, continua o Governo, que José Furtado "colocou o lugar à disposição, tendo manifestado a vontade de, após quatro anos à frente do grupo Águas de Portugal, abraçar novos desafios profissionais". Também nessa altura, continua o comunicado, a ministra aceitou o pedido, "compreendendo as razões apresentadas". Terá, então, ficado acordado que "o processo de transição seria feito dentro de um quadro de normalidade".
No dia seguinte, a 13 de Abril, José Furtado enviou uma carta à ministra Maria da Graça Carvalho, "a confirmar o seu pedido de renúncia, posteriormente formalizado nos termos legais".
A informação quanto à renúncia de José Furtado surge depois de terem sido conhecidos alguns detalhes sobre uma operação de aumento de capital que estava planeada para a Águas de Portugal (AdP). Como noticiou o PÚBLICO nesta terça-feira, o Governo deu indicações, através da Parpública (empresa que gere as participações do Estado e detém 81% da AdP), para que a operação de 100 milhões de euros, que aumentaria o capital da empresa para 534,5 milhões de euros, fosse inviabilizada na assembleia geral que foi realizada nesta quarta-feira. O ponto inicialmente previsto na ordem de trabalhos relativo ao aumento de capital acabou por ser retirado da agenda, não tendo, por isso, sido apreciado.
A justificar o travão do Governo a este aumento de capital estará o facto de não ter ficado claro para que servirá, em concreto, essa operação, bem como o facto de o plano de actividades da Águas de Portugal para 2024 ainda não estar aprovado, estando ainda em análise por parte da Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Sector Público Empresarial (UTAM).