“Nova era no tratamento da surdez”: criança começa a ouvir depois de terapia genética

Opal Sandy, surda à nascença, foi a primeira pessoa do mundo a participar no ensaio clínico Chord. Uma cirurgia de 16 minutos permitiu-lhe começar a ouvir.

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Vão ser recrutadas 18 crianças no total para o ensaio clínico Chord DR/ Pixabay
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A neuropatia auditiva é uma condição que decorre de uma falha na condução dos impulsos nervosos que transportam as informações sonoras do ouvido interno para o cérebro. Esta perturbação na audição de Opal Sandy, de 18 meses, fez com que a criança fosse surda de nascença. Graças a uma inovadora terapia genética, a menina de Oxfordshire, em Inglaterra, já consegue ouvir.

Bastaram seis meses para que Opal, para além de conseguir ouvir sons suaves, como sussurros, já conseguisse dizer palavras como “mamã” e “papá”. Como conta o The Guardian, os pais da menina “nem conseguiam acreditar”. “Foi uma loucura”, afirmou Jo Sandy, mãe da criança.

O tratamento desenvolveu-se no Hospital de Addenbrooke, unidade hospitalar universitária e centro de pesquisa de Cambridge, que está a executar o ensaio clínico Chord. O estudo analisa o uso da terapia genética DB-OTO em crianças com mutações no gene OTOF (otoferlina). Através da terapia genética é fornecido ao ouvido interno dos pacientes uma versão funcional deste gene.

Opal Sandy realizou a cirurgia, que durou apenas 16 minutos, no ouvido direito. Foi-lhe também aplicado um implante coclear no ouvido esquerdo. Algumas semanas depois, a criança já conseguia ouvir sons altos, como palmas.

Em declarações ao The Guardian, o professor Manohar Bance, cirurgião e principal responsável pelo ensaio, disse que este é apenas o início das terapias genéticas. “Isto marca uma nova era no tratamento da surdez”, sublinha o especialista.

O ensaio clínico Chord consiste no teste de três crianças, Opal incluída, com a inserção do gene nas células através de um vírus, apenas num ouvido. Será aplicada a outras três crianças uma dose mais alta. Se for considerado seguro, mais crianças poderão receber a terapia em ambos os ouvidos, e ao mesmo tempo.

Uma segunda criança terá realizado recentemente o tratamento de terapia genética num hospital universitário de Cambridge, tendo obtido resultados positivos. No total, serão 18 crianças de vários países a serem recrutadas para o ensaio. Incluem-se os Estados Unidos, Reino Unido e Espanha.

O professor Bance espera que a terapia possa ser aplicada a outros tipos mais comuns de perda auditiva: “Espero que possamos começar a usar terapia genética em crianças pequenas onde realmente restauramos a audição e elas não precisam de ter implantes cocleares e outras tecnologias que precisam de ser substituídas".

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