Reino Unido cria primeira central europeia de combustível nuclear da próxima geração
Aquela que deverá ser a primeira central europeia de produção de urânio altamente enriquecido (HALEU) deverá estar pronta para produzir combustível até 2031.
O Reino Unido está a investir quase 200 milhões de libras (232,5 milhões de euros) para construir a primeira central europeia de produção de urânio altamente enriquecido (HALEU), um combustível que, segundo o Governo, será necessário para alimentar a próxima geração de projectos de energia nuclear.
Como parte dos esforços para cumprir as metas climáticas e aumentar a segurança energética, o Reino Unido está a tentar aumentar a sua capacidade de energia nuclear até 2050 para 24 gigawatts, o equivalente a cerca de um quarto da procura de electricidade projectada, em comparação com os cerca de 14% actuais. O Reino Unido tenciona construir novos reactores avançados que poderão necessitar do combustível HALEU.
“À medida que forem surgindo mais reactores modulares avançados, o HALEU será o combustível necessário, pelo que dispormos de mais desta tecnologia no Reino Unido significará que seremos capazes de os abastecer a partir de uma fonte doméstica”, afirmou numa entrevista Andrew Bowie, ministro britânico da Energia Nuclear e Renováveis.
O Reino Unido está a conceder à empresa de enriquecimento de urânio Urenco 196 milhões de libras para construir as instalações em Cheshire, no Noroeste de Inglaterra, que apoiará a criação de cerca de 400 postos de trabalho. A unidade deverá estar pronta para produzir o combustível até 2031, para ser utilizado no país ou exportado, informou o Departamento de Segurança Energética e Neutralidade Carbónica.
“Existem obviamente oportunidades para exportar este combustível para os nossos aliados que pretendem afastar-se de uma dependência excessiva da Rússia para o seu combustível nuclear”, afirmou Bowie.
Muitas empresas que estão a desenvolver reactores nucleares avançados a nível mundial dependem do HALEU para os abastecer, mas a principal empresa que vende actualmente carregamentos comerciais deste combustível é a Tenex, que pertence à empresa estatal russa de energia Rosatom.
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, os países ocidentais têm procurado reduzir as suas importações de energia da Rússia.
A empresa americana Centrus Energy também começou a produzir pequenas quantidades do combustível e espera aumentar a produção, enquanto a francesa Orano está a ponderar construir uma central nos EUA.
O HALEU é enriquecido a níveis de até 20%, em vez dos cerca de 5% do urânio que alimenta a maioria das centrais nucleares existentes.
O Reino Unido anunciou também, esta quarta-feira, um concurso para a adjudicação de contratos no valor de 600 milhões de libras (697,5 milhões de euros) para a construção do primeiro protótipo de central eléctrica de fusão comercialmente viável do mundo que espera poder ligar à rede eléctrica até 2040.
Há anos que cientistas, governos e empresas de todo o mundo, incluindo os EUA e o Japão, tentam desenvolver reactores de fusão, a reacção nuclear que alimenta o Sol, para produzir electricidade sem emissões e sem criar grandes quantidades de resíduos radioactivos de longa duração.