Não, não choveram peixes no Irão — mas o fenómeno existe e é explicado pela ciência

O PÚBLICO errou: ao contrário do que um vídeo fazia crer, não caíram peixes do céu na região de Yasuj, no Irão. Mas este não é um fenómeno bíblico ou o início de uma anedota, a ciência explica.

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DINUKA LIYANAWATTE / REUTERS
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​Artigo corrigido a 9 de Maio, quando se retirou o vídeo que anteriormente havia sido partilhado nas redes sociais.

Na passada semana foi partilhado um vídeo que parecia retratar um fenómeno, no mínimo, invulgar, em Yasuj, no Irão. Nos vídeos que circulam nas redes sociais, habitantes pegam nos peixes em choque e aumentam as teorias, normalmente alarmistas, que tentam justificar o fenómeno. Mas o vídeo é falso e o PÚBLICO errou.

O alerta sobre a origem das imagens foi dado nas redes sociais, onde utilizadores apontam que o vídeo foi gerado por computador e é citado com notas da comunidade do X (antigo Twitter), alertando para a hipótese de ser falso. A página Factnameh, dedicada a fazer fact-check no Irão, assegura que o vídeo é falso, ainda que o fenómeno seja cientificamente possível. Apontam para o facto de, no lado esquerdo do vídeo, existirem peixes que aparecem num primeiro plano e desaparecem mais tarde. Isto pode indicar que se trata de uma montagem.

No entanto, este é um fenómeno real. A precipitação é um fenómeno natural que ocorre quando o vapor de água da atmosfera se condensa e, consequentemente, precipita. Apesar de os seres vivos não se liquefazerem, "fenómenos mais extremos, como ventos fortes ou tornados, podem produzir movimentos ascendentes muito fortes, fortes o suficiente para elevar animais de pequena dimensão" e, depois, fazê-los cair noutro sítio. Foi assim que Paulo Pinto, que trabalha na Divisão de Previsão Meteorológica e Vigilância do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), explicou o fenómeno ao PÚBLICO para um artigo sobre chuvas de animais.

Em Fevereiro de 2023, uma cidade australiana encheu-se de peixes na estrada. Em 2007, foi a vez de rãs em Alicante, Espanha. Canários nos EUA em 1968 e caranguejos na Austrália dez anos depois. No livro It’s Raining Fish and Spiders (2012), o autor e meteorologista Bill Evans ainda alarga as possibilidades “às minhocas, lulas e até jacarés”.

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