Putin toma posse como Presidente e pede união aos russos

Depois de ter sido reeleito sem oposição, o Presidente russo diz não excluir abrir vias de diálogo com o Ocidente, mas pede o fim da “política de agressão”.

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É a quinta vez que Vladimir Putin toma posse como Presidente da Rússia SERGEI ILNITSKY / POOL / EPA
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Pela quinta vez, o Presidente russo, Vladimir Putin, percorreu o corredor no Kremlin até à Sala do Trono de Santo André para tomar posse como chefe de Estado, na sequência da vitória nas eleições de Março às quais concorreu sem qualquer oposição real.

Num curto discurso, Putin prometeu continuar a servir em nome dos “interesses e da segurança do povo russo” e pediu união. “Somos uma nação grande e unida, e juntos iremos superar todos os obstáculos e alcançar tudo o que planeámos”, declarou o Presidente russo.

A guerra em curso na Ucrânia — que o Kremlin designa como “operação militar especial” — foi mencionada apenas brevemente, com um agradecimento dirigido a alguns militares que serviram durante a invasão ao país vizinho que estiveram presentes na cerimónia.

“Quero fazer uma vénia aos nossos heróis, participantes na operação militar especial, a todos aqueles que combatem pela nossa pátria”, disse Putin.

“Devemos fazer todos os possíveis para assegurar que as pessoas que provaram a sua lealdade à pátria através de acções possam obter posições de liderança na administração estatal”, acrescentou, indicando que poderá haver remodelações governamentais no futuro.

Há mais de duas décadas no poder, Putin atingiu o limite de dois mandatos consecutivos este ano, mas uma alteração constitucional feita em 2020 pôs a contagem a zero, permitindo-lhe permanecer na chefia do Estado pelo menos até 2030, ultrapassando os 29 anos de Estaline à frente da União Soviética.

Mais do que nunca, o poder de Putin parece imune a qualquer ameaça. Os principais partidos políticos autorizados a concorrer a eleições estão firmemente na órbita do Kremlin e figuras relevantes da oposição democrática estão mortas, no exílio ou presas. Em Fevereiro, Alexei Navalny, que foi o principal rosto da oposição nos últimos dez anos, morreu subitamente enquanto se encontrava preso numa colónia penal no Árctico.

Em declarações feitas já depois da cerimónia, Putin enviou uma mensagem aos países ocidentais, dizendo não fechar a porta a um diálogo futuro. “A escolha é deles: pretendem tentar continuar a travar o desenvolvimento da Rússia, continuar a política de agressão, de pressão incessante sobre o nosso país durante anos, ou procurar um caminho para a cooperação e a paz?”, questionou.

As relações entre Moscovo e o Ocidente atravessam o período mais crítico desde o fim da Guerra Fria. Os EUA e os seus aliados na NATO e na União Europeia têm apoiado a Ucrânia no seu combate para travar a invasão russa, financiando e enviando armas a Kiev. Para já e apesar de alguns avanços e recuos, o apoio ocidental mantém-se firme com promessas de que irá continuar até a Ucrânia recuperar os seus territórios ocupados.

Foram convidados para a cerimónia de tomada de posse de Putin todos os embaixadores ocidentais colocados em Moscovo, mas quase todos faltaram, com a excepção do francês, segundo a agência Reuters.

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