O Grito de iolanda vai ouvir-se na final da Eurovisão

Apesar das ordens em contrário, um keffiyeh levou à primeira semifinal do concurso o protesto contra a inclusão de Israel. Portugal está na final da Eurovisão.

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Iolanda a interpretar Grito na primeira semifinal da Eurovisão Alma Bengtsson / EBU
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Iolanda conquistou nesta terça-feira um lugar na final do Festival Eurovisão da Canção, que se disputa no sábado, 11 de Maio. A representante portuguesa entrou em cena logo na primeira semifinal desta edição, que decorre em Malmö, na Suécia, e viu o seu Grito colocar-se entre as dez canções apuradas.

Pelo palco da Malmö Arena, na terceira maior cidade do país, desfilaram 15 canções interpretadas ao vivo, além de três canções que à partida já estavam apuradas para a final. Foram elas duas dos chamados Grandes Cinco, os países que mais contribuem para a organização, neste caso a Alemanha, com ISAAK e Always On The Run, e o Reino Unido, com Olly Alexander e Dizzy, bem como da própria Suécia, que como vencedora do ano passado e organizadora tem esse direito, com o duo Marcus & Martinus e Unforgettable. Desta feita, estas canções foram desfiladas na íntegra, ao contrário do que tem acontecido nos últimos anos, onde só são mostrados excertos.

Mas só dez é que passaram à frente. Com Portugal, vão estar também na final nove outros países: Sérvia, com Teya Dora e Ramonda, Eslovénia, com Raiven e Veronika, Ucrânia, com o duo alyona alyona & Jerry Heil e Teresa & Maria, Lituânia, com Silvester Belt e Luktelk, Finlândia, com windows95man e No Rules!, Chipre, com Silia Kapsis e Liar, Croácia, com Baby Lasagna e Rim Tim Tagi Dim, Irlanda, com Bambie Thug e Doomsday Blue, e Luxemburgo, que regressa ao festival depois de décadas de ausência, com TALI e Fighter.

Há momentos de grande excesso tipicamente eurovisivo, seja nas canções ou na produção de palco, dos apontamentos rock quase industrial à Rammstein de Silvester Belt ao excesso de ganga saído de um ovo gigante de windows95man, que parece o equivalente visual dos famosos fatos de ganga de Britney Spears e Justin Timberlake nos American Music Awards de 2001, ou a também hyperpop também com o seu quê de industrial de Bambie Thug, a primeira pessoa não binária a representar a Irlanda no concurso.

A interpretação da canção de iolanda, uma balada pop electrónica escrita pela própria em colaboração, na música, de Luar, manteve-se no mesmo comprimento de onda das apresentações que a fizeram vencer o Festival da Canção em Março, com muito branco, na própria e nos dançarinos, com rendas a tapar a cara, em cima do palco, só que com ainda mais maturidade e segurança. A chama que ainda arde da letra, disse na altura a intérprete e compositora que se estreou nos lançamentos com o EP Cura em 2023 ao PÚBLICO, é uma tentativa de “ode à libertação interior”.

Conduzido por Malin Åkerman e Petra Mede, o espectáculo arrancou com a grega Eleni Foureira, a cubana-espanhola Chanel (Terrero) e o sueco Eric Saade, antigos concorrentes. Saade, filho de pai refugiado palestiniano do Líbano, tinha na mão um keffiyeh, o símbolo da luta palestiniana. A competição arranca envolta em grande tensão e apelos a boicotes por causa da participação, pelo menos na segunda semifinal, de Israel.

Todas as bandeiras que não as dos países em concurso e a bandeira do arco-íris LGTBQIA+ estão explicitamente banidas. Esse gesto, e as tatuagens de Bambie Thug, que representa a Irlanda, que, de forma muito rebuscada, tinham símbolos alusivos à libertação da Palestina e pediam um cessar-fogo na região, foram os momentos mais abertamente políticos, mesmo que breves.

Ainda houve espaço, no fim, para Johnny Logan, australiano-irlandês três vezes vencedor do festival, interpretar Euphoria, que fez a sueca Loreen ganhar a primeira vez o concurso em 2012, bem como para o sueco Benjamin Ingrosso, que participou na Eurovisão que decorreu em Portugal em 2018, fazer um medley das suas canções.

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