Petição pede protecção do português para “era da Inteligência Artificial”

Os autores temem que a utilização da língua portuguesa passe a depender de gigantes tecnológicas que são responsáveis por novas ferramentas de IA que transcrevem, traduzem e resumem informação.

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Investigadores pedem às autoridades portuguesas para preparar um “plano de preparação tecnológica da língua portuguesa para a era da Inteligência Artificial” Brett Jordan / Unsplash
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Os organizadores da Conferência Internacional sobre o Processamento Computacional da Língua Portuguesa (Propor) pedem a criação de um plano de defesa da língua portuguesa para a era da inteligência artificial (IA) num abaixo-assinado que acumulou meio milhar de assinaturas nas últimas duas semanas.

No texto partilhado na plataforma Change.org, a equipa da Propor explica que a utilização da língua portuguesa corre o risco de passar a depender de gigantes tecnológicas que desenvolvem ferramentas de IA que transcrevem, traduzem e resumem informação.

“[A] intermediação tecnológica está concentrada em três ou quatro grandes empresas tecnológicas”, explicou à Lusa, António Branco, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e um dos promotores deste abaixo-assinado. “[É] motivo de preocupação, porque cria uma dependência imensa e coloca em causa a autonomia cultural e a cidadania de digital.”

Para combater o problema, os autores da petição pedem “às autoridades que desenhem e coloquem em prática um plano de preparação tecnológica da língua portuguesa para a era da IAcom o apoio da comunidade científica especialista nesta área. O plano deve tirar partido da projecção internacional do português como língua global multicêntrica e da sua convivência com outras línguas no espaço ibero-americano, africano e global, incluindo as línguas indígenas e o galego, assim como os idiomas de fronteira e de intercâmbio”.

“Para a democratização desta tecnologia, é vital um plano que favoreça o desenvolvimento e o acesso aberto a soluções em código aberto para a tecnologia da língua portuguesa”, pode ler-se no abaixo-assinado.

Noutros países, já existe preocupação na defesa das línguas nacionais, como é o caso a Suécia ou dos Países Baixos ou mesmo a Eslovénia ou a Estónia, que investem em ferramentas de uso público para proteger os respectivos idiomas nacionais.

Em Portugal, no Brasil e nos restantes países de língua portuguesa, há “uma sensação de que ainda não há suficiente a consciência da importância deste assunto junto dos decisores e das autoridades”, notou António Branco.

O abaixo-assinado resultou de um encontro de investigadores em Março na Galiza, denominado Propor, na 16.ª Conferência Internacional sobre o Processamento Computacional do Português.

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