Portugal é o país da União Europeia com maior incidência estimada de infecções hospitalares

Todos os anos, 4,3 milhões de doentes internados em hospitais nos países da União Europeia contraem pelo menos uma infecção associada aos cuidados de saúde, segundo as estimativas do ECDC.

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Números foram comunicados por 1022 hospitais de 23 países da União Europeia e do Espaço Económico Europeu Paulo Pimenta (arquivo)
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Cerca de 94 mil doentes contraíram pelo menos uma infecção nos hospitais e unidades de saúde portugueses por, correspondendo a uma incidência estimada de 8,9% no total de internados por ano, a maior entre os países incluídos no mais recente inquérito do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), que esta segunda-feira foi divulgado.

Seguem-se Itália (com uma incidência estimada de 8,2%), Bélgica (7%) e Suécia (6,8%), segundo os dados relativos a 2022 e 2023 adiantados pelo ECDC. Todos os anos, 4,3 milhões de doentes internados em hospitais nos países da União Europeia (UE) e do Espaço Económico Europeu (EEE) contraem pelo menos uma infecção associada aos cuidados de saúde durante o internamento, especifica o ECDC.

Apesar disso, Portugal, Irlanda, Luxemburgo, e Eslovénia são os países onde os profissionais de saúde mais aderem à higienização das mãos nos hospitais, de acordo com os dados do terceiro inquérito de prevalência pontual das Infecções Associadas a Cuidados de Saúde (IACS) e dos antimicrobianos em hospitais de cuidados agudos 2022-2023, coordenado pelo ECDC.

Os dados sobre o número de oportunidades de higiene das mãos observadas, que reflectem a intensidade da monitorização do cumprimento da higiene das mãos durante o ano mais recente, foram comunicados por 1022 hospitais de 23 países da União Europeia e do Espaço Económico Europeu.

“O número médio de oportunidades de higiene das mãos observadas no ano anterior foi de 3,6 oportunidades por 1000 doentes-dia, com 23,3% dos hospitais a não comunicarem quaisquer observações de higiene das mãos, e 3,9% dos hospitais a comunicarem mais de 100 oportunidades por 1000 doentes-dia, principalmente na Irlanda, Itália e Portugal, lê-se no relatório.

Os resultados por país são apresentados como a percentagem de hospitais com um número de oportunidades de higiene das mãos observadas por 1000 doentes-dia superior à mediana.

A percentagem de hospitais com um número de oportunidades de higiene das mãos acima da mediana variou entre 0% em Chipre, Islândia, Kosovo e Montenegro e 80% ou mais na Irlanda, Luxemburgo, Portugal e Eslovénia, salienta o documento.

O relatório destaca também que o número de camas com um dispensador à base de álcool gel para higienização das mãos no local de prestação de cuidados foi comunicado por 24 países da UE/EEE, quer a nível hospitalar por 685 hospitais, quer a nível de enfermaria por 771.

A mediana da percentagem de camas com um dispensador de álcool gel no local de prestação de cuidados aumentou de 52,8%, no inquérito 2016-2017, para 63% no estudo de 2022-2023.

Segundo os dados, a percentagem variou de menos de 10% na Bulgária, Roménia, Kosovo e Sérvia para mais de 90% na Hungria, Luxemburgo, Portugal e Espanha.

A percentagem de agentes antimicrobianos administrados por via parentérica (80%) foi superior à do anterior inquérito (73%).

A promoção de uma mudança mais precoce da administração parentérica para a administração oral de agentes antimicrobianos parece ser uma prioridade em vários países da Europa Oriental e em Portugal, sublinha o documento.

Outra conclusão do inquérito aponta que a especificidade para detectar e notificar IACS foi, em média, de 98,4% e variou entre 95,2% em Portugal e 100% na Lituânia.

Também foi observado um aumento no uso de antimicrobianos em comparação com inquéritos anteriores. No estudo de 2022-2023, 35,5% dos doentes receberam pelo menos um agente antimicrobiano, contra 32,9% no estudo anterior (2016-2017).

Em qualquer dia, cerca de 390.000 doentes hospitalizados na UE/EEE recebem pelo menos um agente antimicrobiano, refere o ECDC. Pelo menos 20% destas infecções são consideradas evitáveis através de programas sustentados e multifacetados de prevenção e controlo.