Uma professora apanha 44 voos por mês para dar aulas em Ibiza — fica mais barato do que uma renda
Por causa dos preços das rendas na ilha turística, apanhar um voo todos os dias para ir trabalhar foi a solução mais económica encontrada por uma professora de Palma colocada numa escola em Ibiza.
Karla Andrade é uma professora efectiva numa escola pública de Ibiza que apanha 44 voos por mês para ir dar aulas, já que fica mais barato do que mudar-se com a família de Palma para a ilha turística. O turismo e a pouca oferta de habitação resultaram nos sucessivos aumentos dos preços das rendas em Ibiza, forçando os trabalhadores na ilha a procurarem outras alternativas, uma vez que conseguir contratos de arrendamento de média e longa duração a preços acessíveis é cada vez mais difícil.
Para isto, Karla Andrade, de 36 anos, levanta-se às 5h da manhã, apanha o primeiro voo de 50 minutos até Ibiza, dá aulas numa escola próxima do aeroporto e regressa a Palma ao final da tarde, conta, numa entrevista à agência de notícias EFE. Gasta em voos "600-800 euros por mês", diz a professora primária, que tem esta rotina há um ano e consegue assim poupar cerca de mil euros em alojamento. Em Palma, a capital das ilhas Baleares que também é um destino turístico em Espanha, paga a hipoteca da casa onde vive com o marido e dois filhos com menos de três anos.
"É complicado, exigente, cansativo, mas é verdade que conto com a ajuda da minha família e que eles funcionam como uma rede para que tudo funcione. Mas se um avião chega atrasado ou se vou para Palma mais tarde, tudo corre mal, é uma vida muito cronometrada", explica.
A solução encontrada pela professora espanhola, contrária aos objectivos de equilíbrio entre vida pessoal e profissional e redução de emissões de gases com efeito de estufa, é um caso limite dos professores com residência habitual em Maiorca e Menorca colocados em escolas em Ibiza, depois do concurso de colocações no arquipélago.
Em Portugal, os professores que são colocados em escolas a centenas de quilómetros de distância de casa também denunciam a falta de habitação acessível e muitos optam por viajar diariamente para as escolas.
Texto editado por Renata Monteiro