Precários com doutoramento: “instabilidade” dos investigadores em exposição na Universidade de Coimbra
A Associação Académica de Coimbra lançou um inquérito para expor a situação laboral dos doutorados. De 128 respostas, 78 diz que ter um doutoramento dificulta a entrada no mercado de trabalho.
A Associação Académica de Coimbra (AAC) inaugurou, na quarta-feira, 1 de Maio, uma exposição que alerta para a precariedade a que os estudantes de doutoramento que trabalham como investigadores nesta universidade estão sujeitos.
O inquérito, que foi lançado em Fevereiro, contou com a participação de 128 investigadores das várias instituições de ensino superior de Coimbra.
Em declarações do P3, o presidente da associação, Renato Daniel, adianta que o estudo surgiu por dois motivos: por um lado, para denunciar uma precariedade na investigação que, acredita “passa muitas vezes despercebida” e, por outro, para instigar os estudantes universitários que ambicionam uma carreira na área a “lutarem pelos direitos de uma classe cada vez mais instável”, defendeu.
“Os investigadores são, muitas vezes, pós-estudantes de ensino superior que acabam por se sujeitar a precariedade laboral e instabilidade contratual. A maior parte das precariedades que apresentaram não tem que ver com a própria instituição de ensino superior onde investigam. Grande parte delas está relacionada com o financiamento crónico na investigação e precariedade dos contratos que acaba não ajuda a que os investigadores continuem o trabalho como gostariam”, completou.
Os resultados, apresentados em forma de gráficos de barras, foram mostrados no Largo D. Dinis, no centro da cidade de Coimbra, no Dia do Trabalhador, com o objectivo de chegar a mais pessoas. Neste momento, escreve a Rádio Universidade de Coimbra (RUC), a exposição está no piso 0 do edifício da AAC.
A exposição aborda temas como as barreiras no acesso ao mercado de trabalho no sector privado, o investimento que existe para a área ou a renovação dos quadros das instituições de ensino superior.
A maioria dos inquiridos sente que o nível de formação que tem não está a ser valorizado (76 concordam e 24 discordam), lê-se no comunicado enviado ao P3. Os restantes não responderam.
Os investigadores foram também questionados sobre se terem um doutoramento pode ser discriminatório para a entrada no mercado de trabalho. Em resposta, 78 acreditam que sim e 21 discordam.
Sobre a necessidade de renovar os quadros das universidades para valorizar os doutorados, as respostas foram unânimes: 115 defendem uma mudança.