David Cameron diz que a Ucrânia pode usar armas britânicas para ataques na Rússia
As declarações do ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, em visita a Kiev, levaram o Kremlin a acusar Cameron de provocar uma “escalada directa” do conflito.
O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Cameron, afirmou que não se opõe à Ucrânia usar as armas fornecidas pelo Reino Unido para atingir alvos dentro da Rússia, em declarações que o Kremlin considerou serem uma “escalada directa” do conflito.
Em visita a Kiev, Cameron afirmou que “a Ucrânia tem esse direito” de usar as armas fornecidas pelos britânicos contra alvos no interior da Rússia. “Como a Rússia está a atacar dentro da Ucrânia, compreende-se perfeitamente que a Ucrânia sinta necessidade de se defender”, afirmou o ministro, citado pela Reuters, prometendo que o Reino Unido iria enviar mais ajuda financeira.
“Daremos três mil milhões de libras (cerca de 3,5 mil milhões de euros) todos os anos, enquanto for necessário. Acabámos de entregar tudo o que podíamos em termos de doação de equipamento”, referiu Cameron, que foi primeiro-ministro do Reino Unido entre 2010 e 2016.
Reagindo às declarações de David Cameron, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou que as palavras do ministro britânico constituem “uma escalada directa da tensão em torno do conflito ucraniano, que pode potencialmente representar um perigo para a segurança europeia”, referindo que esta tendência em declarações oficiais era “perigosa”.
A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, afirmou por sua vez que as declarações de Cameron eram uma admissão da verdadeira estratégia do Ocidente.
“É a primeira vez que um político ocidental reconhece com tanta franqueza aquilo que é um segredo mal guardado para a maioria dos países do mundo: que o Ocidente está a travar uma guerra secreta contra a Rússia pelas mãos dos ucranianos”, disse, acrescentando que Moscovo responderia se as armas fornecidas pelos britânicos fossem usadas em território russo.
“Nós respondemos sempre, mas como é possível não pensar nos sentimentos dos cidadãos britânicos e dos cidadãos da UE?”, afirmou Zakharova.