É um problema a sério: as espécies invasoras são uma das principais ameaças à biodiversidade a nível internacional. Para combater este problema, nada melhor do que dar a conhecer esta realidade aos cidadãos. É com essa missão que decorrerá, entre este sábado (4 de Maio) e dia 12 de Maio, a Semana sobre as Espécies Invasoras. Haverá actividades não só por todo o território português, mas também por Espanha. Muitas delas são gratuitas.
As invasoras são aquelas espécies de plantas ou animais que vêm de outro local, se reproduzem muito rapidamente e têm impactos no ambiente ou na economia. Para a Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços do Ecossistema (IPBES), estas espécies são a quinta maior ameaça à biodiversidade a nível mundial. Podem ser uma ameaça tanto para a saúde pública – por exemplo, as ervas-das-pampas (as famosas plumas, que são invasoras em Portugal) podem causar ferimentos ao serem cortantes ou alergias respiratórias devido ao pólen – como provocarem grandes prejuízos económicos.
Dar a conhecer este problema às pessoas é a missão da Semana sobre as Espécies Invasoras. “Os cidadãos podem ter um papel relevante, não só na prevenção das invasões biológicas, mas também na mitigação dos seus impactes”, assinala-se no site da Sociedade Portuguesa de Ecologia, que divulga o evento. A iniciativa é promovida pela Rede Portuguesa de Estudo e Gestão de Espécies Invasoras - Rede InvECO, a plataforma Invasoras.pt, os projectos Life Coop Cortaderia e Life Invasaqua e o Grupo Especialista em Invasões Biológicas.
As actividades que decorrerão durante mais de uma semana são organizadas em colaboração com entidades, associações e grupos informais. Elizabete Marchante, do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra e uma das organizadoras, destaca a “elevada participação de entidades”, entre escolas, municípios e instituições de ensino superior, nesta semana – são mais de 170.
Há já mais de 300 actividades marcadas e podem ser consultadas aqui. A maioria delas é gratuita. Além de workshops, palestras ou percursos para mapear espécies invasoras, haverá acções de controlo no Buçaco, Coimbra, Porto Santo, Maia, Gerês, Lagoa ou Sintra. No programa também há exposições, como no Centro Ciência Viva da Floresta, em Proença-a-Nova.
Elizabete Marchante espera que as actividades atinjam diferentes públicos. “Com as várias actividades, esperamos que o alcance seja amplo e que possamos, no conjunto, contribuir para a prevenção e mitigação dos impactes das espécies invasoras”, nota a bióloga, que é uma das responsáveis pela plataforma Invasoras.pt, que regista espécies invasoras em Portugal.
Esta semana pode ser uma forma de alertar os cidadãos para o facto de estes serem também, de forma intencional ou acidental, vectores de introdução e dispersão de espécies invasoras, o que contribui para a dimensão do problema. “Se estiverem alerta, os cidadãos podem contribuir de forma significativa para prevenir a introdução e dispersão de espécies invasoras e ajudar a mitigar os impactos das que estão presentes no território”, refere Elizabete Marchante.
A Semana sobre as Espécies Invasoras realiza-se em Portugal e Espanha desde 2021, depois de em 2020 se ter feito a Semana Nacional sobre Espécies Invasoras apenas no território português.