O Castelo das Valquírias é a maior exposição de sempre de Joana Vasconcelos na Alemanha

No Museu de Arte e História Cultural do Castelo de Gottorf até 3 de Novembro, a mostra desdobra-se em dez instalações de grande escala. O programa paralelo inclui cinema e encontros de tricô.

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Joana Vasconcelos no seu estúdio-ateliê em Alcântara Rui Gaudêncio
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O Museu de Arte e História Cultural do Castelo de Gottorf apresenta, até 3 de Novembro, Le Château des Valkyries (O Castelo das Valquírias), a maior exposição individual de Joana Vasconcelos feita até hoje na Alemanha, meio ano depois de a artista portuguesa ter inaugurado a sua maior mostra no Brasil, em Novembro do ano passado, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.

Inaugurada estaa quarta-feira, Le Château des Valkyries desdobra-se em dez instalações de grande escala. Entre elas está Valquírias, série de esculturas feitas de tecidos, rendas, bordados, lã, lantejoulas, missangas, penas e LEDs e dedicadas a mulheres​ como a filósofa feminista Simone de Beauvoir, a designer de moda Marina Rinaldi ou Elizabeth ‘Mumbet’ Freeman, figura pioneira do movimento abolicionista, tendo sido uma das primeiras afro-americanas escravizadas a abrir e a ganhar um processo de liberdade. Estas peças ocupam a Ilha dos Museus, em Schleswig. Outra das obras em destaque é Ostfriesland, um bule de ferro forjado de 2,30 metros de altura e mais de três metros de largura, exposto no Museu Eisenkunstguss Büdelsdorf.

A exposição, escreve o museu em comunicado, "mostra as diversas facetas da obra artística de Vasconcelos", cujo trabalho é "informado pela apreciação do artesanato tradicional português e das técnicas artesanais, que ela coloca em novos contextos, reinterpreta e apresenta ao mundo".

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Uma das Valquírias que compõem a série de instalações em grande escala desta exposição © VG Bild-Kunst, Bonn 2024, www.bildkunst.de, Lionel Balteiro | Atelier Joana Vasconcelos

O museu recorda, no seu site oficial, a biografia de Joana Vasconcelos, nascida em Paris em 1971, sublinhando que as suas obras misturam arte, moda e design "com facilidade e de forma única e atraente."

"Exposições no Museu Guggenheim em Bilbau, no Palácio de Versalhes, na Galeria Uffizi em Florença e, por último, mas não menos importante, as suas espectaculares contribuições para as Bienais de Veneza de 2005 e 2013 fizeram dela uma artista mundialmente procurada, cujas obras sensuais e teatrais fascinam e encantam o público", descreve o Museu de Arte e História Cultural do Castelo de Gottorf.

Em declarações à agência Lusa, fonte do museu sublinhou a "enorme satisfação" por poder mostrar "a maior exposição de Joana Vasconcelos até à data num museu alemão". Le Château des Valkyries foi comissariada e organizada por uma equipa liderada por Thorsten Sadowsky, director da instituição, tendo sido necessários cerca de dois anos para planeá-la.

Paralelamente à exposição, estão programadas várias actividades. Além das habituais visitas guiadas, haverá concertos, leituras, noites de cinema, sessões de ioga no museu ou um encontro de tricô e remendos. No ateliê prático da exposição, os visitantes poderão conhecer o trabalho de Joana Vasconcelos de uma outra maneira: tocar em peças originais numa "estação de toque", desenhar a sua própria Valquíria no âmbito de um concurso ou fazer croché.

A exposição na Alemanha coincide com uma nova mostra da artista portuguesa em Espanha, a inaugurar na Central Artística de Bueño, nas Astúrias, no próximo dia 7, onde apresentará Diagonals, da série Tetris, e a obra recente La Pasionaria.

Esta última peça é uma homenagem à combatente antifascista espanhola Dolores Ibárruri (1895-1989), também conhecida como "La Pasionaria", que fez de No pasarán! uma frase de ordem contra as tropas falangistas durante a Guerra Civil (1936-39), convertendo-a numa máxima do antifascismo ainda hoje usada. Eleita para o parlamento espanhol em 1977, após a transição democrática que sucedeu à morte do ditador Francisco Franco, "La Pasionaria" foi presidente honorária do Partido Comunista Espanhol até à sua morte, em 1989.