Rússia diz ter atingido quartel-general ucraniano em Odessa
Ataque com mísseis na cidade do Sul da Ucrânia causou três mortos. Na linha da frente, forças ucranianas ainda esperam por munições para defender Chasiv Iar.
A Rússia reclamou esta quarta-feira ter atingido o quartel-general do comando do agrupamento Sul do Exército ucraniano, sediado no porto de Odessa, onde Kiev admitiu que um ataque com mísseis causou três mortos.
“O quartel-general do comando operacional do agrupamento do Sul das Forças Armadas da Ucrânia foi atingido pela aviação operacional e táctica, pelas forças de mísseis e pela artilharia”, declarou o Ministério da Defesa russo, sem dar mais detalhes sobre o ataque.
Responsáveis ucranianos afirmaram que edifícios residenciais e infra-estruturas civis foram danificados em Odessa num ataque nocturno, enquanto o comando militar do Sul afirmou que foram atingidos edifícios administrativos e residenciais e instituições médicas e educativas.
A Reuters não conseguiu confirmar de forma independente os relatos dos dois lados no campo de batalha.
Odessa tem sido um alvo frequente das forças russas na guerra de mais de dois anos, com muitos ataques dirigidos às instalações portuárias da cidade.
Na linha da frente do conflito, na região do Donbass, onde a Rússia garante estar a fazer avanços significativos, as forças ucranianas que defendem o reduto estratégico de Chasiv Iar dizem que ainda estão à espera de novas munições, depois de os Estados Unidos terem aprovado um importante pacote de ajuda militar.
O Exército russo está a avançar para oeste de Avdiivka, uma cidade que capturou em Fevereiro, e a sua tropa chegou aos arredores de Chasiv Iar, outro grande objectivo que lhes permitiria conquistar um terreno mais elevado e atingir vilas e cidades mais a oeste.
Oleh Shyriaiev, comandante do 225.º Batalhão de Assalto Separado da Ucrânia, que está a combater perto de Chasiv Iar, disse que a chegada de mais projécteis de artilharia ajudaria a sua unidade a manter as posições.
“Espero receber em breve projécteis de artilharia”, disse, falando num posto de comando perto da cidade. Acrescentou que, no passado, as munições fornecidas pelos aliados tinham feito uma diferença significativa no campo de batalha.
“Testemunhei os acontecimentos de há um ano, quando o grupo Wagner estava a avançar”, disse, referindo-se à força de mercenários russos que, entretanto, foi dissolvida. “Recebemos munições de fragmentação que alteraram significativamente a situação e conseguimos contra-atacar com sucesso.”
As munições de fragmentação são proibidas por muitos países, mas têm sido utilizadas por ambas as partes no conflito na Ucrânia. Kiev comprometeu-se a utilizá-las apenas para atacar concentrações de soldados inimigos.
O fornecimento de armas de longo alcance também ajudaria a Ucrânia a defender o seu território de forma mais eficaz, “cortando o acesso do inimigo aos abastecimentos” disse Shyriaiev,
A Ucrânia já recebeu alguns mísseis de longo alcance dos seus aliados, que foram utilizados contra aeródromos russos, depósitos de munições, postos de comando e concentrações de tropas.
A Rússia disse na terça-feira que a Ucrânia tinha atacado a Crimeia com sistemas de mísseis tácticos (ATACMS) produzidos nos EUA, numa tentativa de perfurar as defesas aéreas russas na península anexada, mas que seis tinham sido abatidos.
As baixas têm sido elevadas em ambos os lados desde a invasão russa no início de 2022, mas com um exército muito maior e mais armas e munições, a Rússia ganhou vantagem no Leste da Ucrânia, onde as batalhas mais ferozes estão a decorrer.