Cientistas prevêem para 2024 época de furacões mais intensa de que há registo, com 33 tempestades

Águas oceânicas excepcionalmente quentes e a mudança do padrão de El Niño para La Niña podem criar, em 2024, a época mais intensa de furacões de que há registo, com a previsão de 33 tempestades.

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Grupo de investigação prevê uma época invulgarmente activa em termos de tempestades que atingem terra firme Warren Faidley/ GettyImages
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Uma equipa de investigadores liderada pelo climatologista Michael Mann, da Universidade da Pensilvânia, prevê que a próxima época de furacões no Atlântico produza o maior número de tempestades registadas, impulsionadas por águas oceânicas excepcionalmente quentes e por uma mudança esperada de El Niño para La Niña. A nova previsão aponta para um intervalo de 27 a 39 tempestades, com uma estimativa de 33. O máximo registado foi de 30 tempestades em 2020.

A previsão é consistente com as recentemente divulgadas pela Universidade do Estado do Colorado e pelo sítio AccuWeather, mas é ainda mais agressiva.

“O calor sem precedentes no Atlântico tropical neste momento – que esperamos que persista durante a temporada de furacões – é o factor dominante por trás da nossa previsão”, disse Mann num e-mail. “Embora não façamos uma previsão específica para as tempestades que atingem terra firme... uma época invulgarmente activa em termos de actividade em toda a bacia traduzir-se-á provavelmente numa época invulgarmente activa em termos de tempestades que atingem terra firme”, concluiu.

As temperaturas dos oceanos atingiram níveis recordes há mais de um ano, devido a uma combinação de alterações climáticas causadas pelo homem e pelo El Niño, e mantiveram-se aí desde então, mantendo-se num nível recorde durante 417 dias consecutivos.

Embora o El Niño aumente as temperaturas oceânicas globais, tende a produzir padrões de vento no Atlântico que suprimem o desenvolvimento de tempestades tropicais. Mas as águas oceânicas estavam tão quentes durante a época de furacões do Atlântico de 2023 que, apesar disso, se registou um número de tempestades acima da média.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA espera que uma onda de calor marinho, ou seja, temperaturas da superfície do mar muito acima do normal, continue no Atlântico tropical pelo menos até Setembro. Os meteorologistas estão preocupados com uma época de furacões activa, uma vez que as águas oceânicas mais quentes aumentam normalmente a intensidade das tempestades.

Padrão muda no Verão

Entretanto, prevê-se que o El Niño passe a La Niña este Verão. O padrão La Niña tende a ter o impacto oposto do El Niño na temporada de furacões – produzindo padrões de vento que favorecem o desenvolvimento de tempestades no Atlântico – aumentando ainda mais as probabilidades de uma temporada activa. Se o La Niña enfraquecer na parte final da época de furacões, a previsão diminuirá ligeiramente para um intervalo de 25 a 36 tempestades e uma estimativa de 31 tempestades, segundo o grupo de investigação de Mann.

Uma tempestade tropical recebe esse nome se os seus ventos atingirem pelo menos 39 mph (62 km/hora). Quando os ventos atingem pelo menos 74 mph (119 km/hora), uma tempestade tropical transforma-se num furacão.

A previsão de 33 tempestades nomeadas é a maior que a equipa da Universidade da Pensilvânia alguma vez previu. Liderado por Mann, famoso pelo seu gráfico em forma de “stick de hóquei” que descreve um aumento súbito das temperaturas globais ao longo do último século, o grupo de investigação tem emitido previsões sazonais de furacões desde 2009. O número de tempestades efectivas tem estado dentro do intervalo previsto em nove das 15 previsões.

Mann afirmou que a sua equipa utiliza um método diferente do de outros grupos que emitem previsões sazonais de furacões. “Somos o único grupo que esteve perto (prevendo até 24 tempestades) de prever a temporada recorde de 2020”, lembra Michael Mann.

A temporada de furacões no Atlântico decorre oficialmente de 1 de Junho a 30 de Novembro, embora por vezes se formem tempestades antes ou depois dessas datas. Os meteorologistas do Centro Nacional de Furacões emitiram um aviso especial na semana passada sobre um redemoinho tropical que está a monitorizar no Atlântico aberto, mas disseram que tem apenas 10% de hipóteses de se transformar numa tempestade tropical.

Em média, uma época de furacões produz cerca de 14 tempestades tropicais, das quais cerca de metade se tornam furacões. Sete das últimas oito épocas de furacões registaram uma actividade acima da média; a época de 2022 foi a única excepção, com uma actividade próxima da média. Registaram-se pelo menos 20 tempestades em três das últimas quatro épocas.

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