Mortalidade infantil diminuiu em 2023. E saldo natural foi positivo na Grande Lisboa

Na Grande Lisboa, ao contrário do que aconteceu nas outras regiões do país, o número de nascimentos suplantou o total de óbitos, o que já não acontecia há anos.

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Natalidade voltou a aumentar em 2023 em Portugal Adriano Miranda (arquivo)
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2023 vai ficar para a história como um ano de recuperação: nasceram mais crianças, morreram menos pessoas e a taxa de mortalidade infantil diminuiu ligeiramente em comparação com o ano anterior. Na Grande Lisboa, ao contrário do que aconteceu no resto do país, o saldo natural foi mesmo positivo, com os nascimentos a suplantarem os óbitos, destaca o Instituto Nacional de Estatística na nota em que esta terça-feira enumera os dados vitais consolidados do ano passado.

Depois de ter aumentado em 2022 em comparação com os anos da pandemia de covid-19, em que atingiu um valor mínimo recorde (2,4 óbitos por mil nados-vivos em 2020 e 2021), a taxa de mortalidade infantil voltou a diminuir ligeiramente em 2023, para 2,5 mortes por mil nascimentos. No ano passado, morreram 210 crianças com menos de um ano, especifica o INE nas “Estatísticas vitais 2023".<_o3a_p>

De resto, já se sabia que em 2023 a natalidade aumentara pelo segundo ano consecutivo, após a quebra histórica de 2021, em que pela primeira vez nasceram menos de 80 mil crianças em Portugal. O INE precisa agora que no ano passado nasceram com vida 85.699 bebés, mais 2,4% do que no ano anterior, que tinha já sido de recuperação face a 2021.

As estatísticas confirmam ainda que o número de óbitos (118.295) diminuiu depois de três anos de mortalidade excepcionalmente elevada durante a pandemia, quando foi sempre ultrapassado o patamar dos 123 mil óbitos anuais, com picos de mortalidade sem precedentes, como o que ocorreu em Janeiro de 2021, o maior dos últimos 100 anos. A redução da mortalidade em 2023, associada ao aumento da natalidade, propiciou um desagravamento do saldo natural negativo no país, apesar de este continuar significativo (- 32.595).

A excepção ao cenário de saldo natural negativo foi a Grande Lisboa, a única região do país em que houve mais nascimentos do que mortes (+461), o que já não acontecia há vários anos. Num movimento inverso, a região Norte foi aquela onde se verificou o saldo natural negativo mais acentuado (-11.031), refere o INE.

Norte contraria aumento dos nascimentos

Na natalidade, as estatísticas consolidadas de 2023 indicam que houve mais nascimentos do que em 2022 em quase todo o país, menos no Norte e nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

A maior parte destes bebés nasceram fora do casamento (de pais não casados entre si), representando pelo nono ano consecutivo mais de metade do total de nascimentos em Portugal. E os números provam que as grandes tendências persistem: as pessoas têm filhos em idades cada vez mais tardias, apesar de em 2023 a proporção de nados-vivos de mães com 35 e mais anos ter diminuído ligeiramente face ao ano anterior, e a maternidade na adolescência é cada vez menos comum (1,9% no ano passado quando há uma década atingia 3%).

O INE especifica que, no ano passado, a idade média da mãe ao nascimento de um filho foi 32,1 anos e, no caso do primeiro filho, 30,6 anos. “Entre 2014 e 2023, registou-se um aumento de 0,6 anos na idade média ao nascimento de um filho e na idade média ao nascimento do primeiro filho”, contabiliza.

As pessoas morrem em idades cada vez mais avançadas. Na última década, "foram registados decréscimos nas proporções de óbitos de pessoas com idades inferiores a 65 anos e com idades dos 65 aos 79 anos", enquanto se verificou um aumento de 3,9 pontos percentuais na proporção de óbitos de pessoas com 80 e mais anos de idade", sublinha o INE.

Ao longo dos últimos anos, o número de casamentos tem vindo a diminuir em Portugal. Em 2023, realizaram-se em Portugal 36 980 casamentos, apenas mais 28 do que no ano precedente. Mas tem-se registado um aumento significativo nos casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Mais de mil casamentos em 2023 foram de pessoas do mesmo sexo – 548 entre homens e 461 entre mulheres. A proporção de casamentos entre pessoas do mesmo sexo aumentou 19,4% em comparação com 2014.

As pessoas casam-se cada vez mais tarde – a idade média no primeiro casamento foi de 35,8 anos no caso dos homens e de 34,3 anos, no das mulheres no ano passado – mais de 70% já viviam juntas antes do casamento, e continua também a diminuir o número das que se casam pela igreja católica – pouco mais de um quinto dos casamentos em 2023.

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