Rússia deteve três jornalistas por notícias sobre a guerra e ligações a Navalny

Sergei Mingazov, Konstantin Gabov e Sergei Karelin foram detidos entre sexta e sábado, no meio de uma série de detenções de vários outros jornalistas.

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Vários outros jornalistas foram detidos na Rússia, incluindo Antonina Favorskaya, detida por cobrir o julgamento de Navalny Yulia Morozova / REUTERS
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A Rússia deteve, nos últimos dias, três jornalistas de nacionalidade russa que colaboraram com órgãos de comunicação ligados a Alexei Navalny e a órgãos de comunicação estrangeiros como a agência noticiosa Associated Press, informa o jornal espanhol El País.

O jornalista da edição russa da revista norte-americana Forbes Sergei Mingazov e Sergei Karelin, jornalista que trabalhou para a agência Associated Press e é ex-operador de câmara da televisão alemã Deutsche Welle foram detidos na sexta-feira, enquanto Konstantin Gabov, um produtor independente foi detido no sábado, de acordo com o El País.

Sergei Mingazov é acusado de espalhar informações falsas para desacreditar as acções das forças russas na Ucrânia, segundo relata o El País. Citado pelo jornal espanhol, o advogado do jornalista afirmou na sua página de Facebook que o jornalista era acusado de “difusão, sob falsos pretextos, de informações deliberadamente falsas sobre a utilização das forças armadas relacionadas com o ódio, a inimizade política, ideológica, racial, nacional ou religiosa” por ter feito publicações no seu canal de Telegram, revelando provas do massacre ocorrido na cidade ucraniana de Bucha, negado pelas autoridades russas.

Estas acusações podem levar a uma condenação de uma pena de prisão de até dez anos, acrescenta o advogado. A procuradoria da região de Khabarovsk, citada pela CNN, afirmou, sem identificar Mingazov, que a detenção fora devido à publicação de informações deliberadamente falsas sobre as forças armadas russas, actuando por ódio político.

Segundo a agência de notícias russa RIA, Sergei Mingazov ficou em prisão domiciliária, de forma preventiva. À saída do tribunal, Mingazov disse ao órgão independente russo 7+7 que pretende “declarar-se culpado”, esperando ter de pagar só uma multa.

Sergei Karelin e Konstantin Gabov foram detidos na sexta e no sábado, respectivamente, com acusações de “extremismo” por terem colaborado com conteúdos da equipa do dissidente russo Alexei Navalny, que morreu na prisão em Fevereiro deste ano. Sobre Gabov o tribunal do distrito de Basmanny da região de Moscovo, citado pelo El País, declarou que este “participou na preparação de materiais fotográficos e de vídeo para serem publicados no canal de YouTube Navalny LIVE”.

A Associated Press declarou estar “muito preocupada pela detenção do videojornalista russo Sergei Karelin”, acrescentando que est à procura de “informações adicionais”. Tanto Karelin como Gabov deverão, segundo a Euronews, ficar em prisão preventiva até ao seu julgamento, que se deverá realizar no mínimo de dois meses.

Estas detenções surgem na sucessão de várias outras detenções a jornalistas na Rússia. No início do mês de Março, a jornalista Antonina Favorskaya já tinha sido detida devido à cobertura do julgamento de Navalny, estando em prisão preventiva à espera de julgamento até pelo menos 28 de Maio, segundo explica a Associated Press. Também no início de Março, Björn Blaschke, correspondente da rádio alemã WDR fora detido por supostamente ter “desacreditado” as forças armadas russas ao afirmar, num tweet publicado em 2022, que o ataque russo à Ucrânia teria piorado a situação alimentar em África ao afectar os stocks de produtos como o trigo e aumentado os preços dos combustíveis.

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