Hacks é agora a série que sempre quis ser

A terceira época da série da HBO Max com Jean Smart e Hannah Einbinder estreia-se esta sexta-feira.

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Jean Smart e Hannah Einbinder em Hacks DR
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Hannah Einbinder e Jean Smart em Hacks DR
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Quando arrancou há três anos, Hacks, que recebeu vários Emmy e Globos de Ouro, era produto de um tempo ainda no lastro das restrições pandémicas. Criada pelo casal Lucia Aniello e Paul W. Downs com Jen Statsky, era uma série pequena, a fingir que se passava noutro mundo, em que poucas personagens estavam juntas na mesma cena. Contava a história de uma veterana cómica de stand-up –​​ sem grande satisfação artística, mas a fazer muito dinheiro que lhe permitia uma confortável vida em Las Vegas –​ e de uma jovem argumentista que lhe trazia uma nova sensibilidade para reavivar a carreira. A segunda temporada trouxe mais viagens e outros cenários, mas a série mantinha ainda assim certas limitações no escopo da produção, com momentos em que se notava que as ambições extrapolavam os meios. Já a terceira, que se estreia esta sexta-feira na HBO Max, parece bem diferente, e em maior conformidade com aquilo que deveria ter sido sempre.

A dinâmica principal é a mesma entre a estrela Deborah Vance, a quem a respeitada e impressionante actriz Jean Smart dá vida de uma forma brilhante, e a sua parceira criativa Ava Daniels, interpretada por Hannah Einbinder Smart teve de esperar quase até aos 70 anos para ter um papel de destaque como este; Einbinder, filha de Laraine Newman, membro do elenco original de Saturday Night Live, é uma cómica de stand-up que teve aqui o seu primeiro grande trabalho.

O regresso da série, cuja leva anterior de episódios remonta há quase dois anos, foi dificultado porque Smart sofreu uma intervenção cirúrgica, a que se somaram as greves simultâneas de actores e argumentistas e ainda o facto de Aniello ter sido mãe enquanto acabava de realizar um dos cinco episódios que assina nesta época.

No início desta terceira temporada, Deborah volta à mó de cima graças a Ava. Depois de terem criado juntas um 'especial comédia' no qual Deborah ultrapassa a piada fácil dos tempos em que trabalhava em casinos e a apresentar televendas, passando a reflectir sobre a sua vida e os seus erros , ambas voltam às suas vidas. Ava regressa a Los Angeles para ser argumentista num programa na esteira de Last Week Tonight; Deborah continua em Las Vegas, a gozar a fama. As circunstâncias acabam por juntá-las outra vez e a relação tóxica e volátil que serve à comédia de ambas volta ao centro de tudo.

Desta feita, a protagonista, que nos anos 1980 esteve perto de ter o seu próprio talk show nocturno, um trauma que nunca ultrapassou, volta à corrida para se tornar anfitriã de um programa do género cujo apresentador se vai retirar. Não é só em termos de meios e no aspecto visual que esta temporada parece diferente das anteriores: há, também, maior profundidade emocional. De resto, a piada e o gozo da série continuam no ponto, a explorar as diferenças de sensibilidades entre uma cómica nova e uma mais veterana. Esta última tem um historial de piadas racistas e de outros tipos de preconceitos em termos de género e orientação sexual, apesar da sua proverbial aceitação na comunidade gay, os seus maiores fãs.

Nesta temporada, quem rodeia as protagonistas é também merecedor de maior atenção: Meg Stalter como Kayla, por exemplo; ou Carl Clemons-Hopkins, que faz do gestor da empresa de Deborah. Além destes nomes, os actores convidados incluem Helen Hunt, Christina Hendricks, Christopher Lloyd, George Wallace, Tony Goldwyn ou J. Smith-Cameron.

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