O Volvo EX30, lançado em 2023 e que começou a chegar ao mercado nacional já este ano, parece ser uma aposta ganha numa altura em que ainda contabiliza pouco tempo de comercialização: pelo preço (o 100% eléctrico comercializa-se desde 37.895 euros), mas também pela forma como, mesmo integrando um grupo chinês, parece incorporar toda a alma sueca, fazendo justiça ao ADN nórdico da marca. E isso é evidente na forma como se comporta no gelo, quer em estradas públicas, quer em pistas criadas sobre o manto gelado do lago Björnträsk, no âmbito de uma viagem que visava mostrar como a Volvo continua a carregar a herança sueca.
Com o EX30 Single Motor Extended Range, animado por um motor eléctrico de 272cv a dirigir a energia ao eixo traseiro, a animação toma conta do grupo: o automóvel deixa-se levar pelo piso escorregadio, mas também se deixa agarrar, nem que seja com a técnica de simplesmente não fazer nada e deixá-lo ir. E, com tracção traseira, não deixa de revelar uma gestão eficiente da forma como se mexe em curva. Depois, aqui, “não há nenhum sítio onde bater”, encoraja um dos instrutores, que não se coíbe de nos incentivar a levar o pé até ao fundo.
Conversa diferente apresenta o EX30 Twin Motor Performance, de tracção integral e 428cv, anunciado com uma aceleração de desportivo (3,6 segundos dos 0 aos 100 km/h). A resposta é bem mais rápida e pujante, mas, neste caso, não parece haver maneira de fazer com que o automóvel nos fuja, com as rodas a traçarem curvas quase perfeitas, mesmo naquelas em que o piso apresenta placas extremamente escorregadias (muito provavelmente, se seguíssemos a pé, cairíamos…).
Seguro e confortável, é certo. Mas uma desilusão para alguns dos camaradas de viagem que julgavam que maior potência seria sinónimo de agravados desafios. Nada que não se resolva: depois de testado o modelo de dois motores, muitos voltaram ao mais “fraquito”, que acelera de 0 a 100 km/h em rápidos 5,3 segundos, para mais umas voltas e boa dose de divertimento.
A oportunidade de interagir com o automóvel compacto no meio da natureza não é ao acaso. Com o EX30, a Volvo quer marcar a diferença pela sustentabilidade e apresenta um programa que visa atingir o objectivo de, no fim do seu ciclo de vida, até 95% do automóvel poder ser recuperado, grande parte pela reciclagem dos materiais que o compõem.
Mas, como novo, também já se apresenta capaz de se afirmar sustentável, ao adoptar materiais reciclados, nomeadamente no interior, com os bancos e os painéis, do tablier e das portas, a recorrerem a materiais recriados, por exemplo, a partir de calças de ganga. Há ainda linho e lã de origem responsável que inclui 70% de poliéster reciclado, que, além de imprimirem sustentabilidade, permitem brincar com cores e texturas, mas também plásticos feitos a partir de resíduos, como caixilhos de janelas e persianas velhas. Em opção, podem ser adicionados estofos em Nordico, um material produzido a partir de têxteis com origem em materiais recicláveis, tais como garrafas PET e material biodegradável de florestas da Suécia e da Finlândia.
Como já tínhamos tido oportunidade de experimentar, o EX30 é um carro fácil. Fácil de gostar, de compreender e de nos adaptar-nos (excepto o stressado alerta de atenção que provavelmente ainda será afinado). Quando nos sentamos dentro do carro, o sistema é accionado sem ser necessário carregar em qualquer botão. Aos seus comandos, a posição de condução é muito confortável, sendo possível ajustá-la para sensações mais semelhantes a um hatchback. Já quem gosta mesmo de andar nas alturas, também o conseguirá. Caso para dizer que, em pacote concentrado, o EX30 consegue agradar a gregos e troianos.
A Fugas viajou à Suécia a convite da Volvo