Enfermeiros “ligeiramente” optimistas, mas SEP mantém greve de 10 de Maio

Principais temas a discutir com ministério incluem revisão da grelha salarial e um acordo colectivo de trabalho. Sindicato dos Enfermeiros Portugueses mantém greve para 10 de Maio

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A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, recebeu esta sexta-feira vários sindicatos no Ministério da Saúde MIGUEL A. LOPES / LUSA
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A plataforma que inclui cinco sindicatos dos enfermeiros saiu “ligeiramente optimista” da reunião que teve, esta sexta-feira, com a ministra da Saúde. Já que houve "abertura" por parte da ministra para "tentar solucionar os problemas que afectam a enfermagem”, disse Fernando Parreira, do Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem (SIPE). Já o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) vai manter a greve que já está marcada para o dia 10 de Maio.

Ao longo do dia, a ministra da Saúde vai reunir-se com os sindicatos representativos dos enfermeiros e termina a agenda com a audição do sindicato dos farmacêuticos.

A estrutura - que integra além do SIPE, o Sindicato de Enfermeiros, o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal, o Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos e o Sindicato Nacional dos Enfermeiros – tinha marcado cinco dias de greve, que foram desmarcados depois de terem sido contactados pelo Ministério da Saúde para dar início ao processo negocial.

A próxima reunião será marcada até 27 de Maio, disse o representante do SIPE, referindo que até esta data irão enviar todas as reivindicações para que possam constar no programa negocial que irão negociar com o Governo. E que pretendem “ver negociadas num curto prazo de tempo”.

Na lista dos “principais” temas sobre os quais a plataforma quer começar a dialogar com o Governo estão “a revisão da grelha salarial, um acordo colectivo de trabalho – é a única classe no SNS que não tem -, reconhecer o risco e a penosidade através de compensações na aposentação, entre outras”, enumerou Fernando Parreira.

O responsável lembrou que existem algumas situações que estão no caderno reivindicativo que podem ser “resolvidas rapidamente”. “Já existe legislação para que sejam concretizadas, basta que o Ministério da Saúde emita orientações para que elas sejam cumpridas”, disse, dando o exemplo de questões relacionadas com a contagem do tempo para progressão na carreira.

Questionado sobre a disponibilidade da ministra para negociar, apontada pelos sindicatos médicos, que foram os primeiros a ser recebidos esta manhã, Fernando Parreira disse ter saído do encontro com a mesma sensação. “Esta ministra olhou-nos olhos nos olhos e olhou-nos como parceiros e não como adversários. Foi isso que aconteceu noutras negociações, sermos vistos como um adversário. Isso não pode acontecer”, afirmou.

SEP mantém greve a 10 de Maio

Menos optimista saiu o SEP, que vai manter a greve nacional já marcada para 10 de Maio, Dia Internacional do Enfermeiro. Está também agendada uma concentração às 11 horas, frente ao Campo Pequeno, em Lisboa. Segundo o responsável, a ministra “não assumiu negociar estes tópicos num protocolo negocial até ao dia 10 de Maio", pelo que dizem que foram "empurrados para a concretização desta greve”.

À saída do encontro, em declarações às televisões, José Carlos Martins lamentou que o Ministério da Saúde não se tenha comprometido a negociar questões relacionadas com a contagem de pontos, “desde logo os retroactivos e correcção de injustiças”, alterações à carreira, como a valorização da grelha salarial, a compensação do risco e penosidade da profissão, “através da aposentação mais cedo”.

Mas também outras questões que fazem parte do caderno reivindicativo que entregaram à ministra, como a questão da regularização dos vínculos precários e a contratação de mais enfermeiros.

Ainda assim, José Carlos Martins disse, em declarações citadas pela Lusa, que o ministério tem "vontade de continuar a negociar para fixar em protocolo negocial as matérias que existem". Mas "não é compatível com a urgência que os enfermeiros têm". "Não ficou em cima da mesa nenhuma perspectiva de nova reunião até ao dia 10 de Maio."

Já a delegação da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) classificou esta primeira reunião com Ana Paula Martins de “muito positiva”, pela abertura demonstrada e “pela não limitação na apresentação” das prioridades e reivindicações do sindicato.

“Aguardamos agora o feedback para em conjunto, como disse a senhora ministra, podermos estabelecer as prioridades e resolver as questões”, afirmou a vice-presidente da ASPE Álvara Silva.

Questionada sobre a possibilidade de greve, a responsável disse que “a greve é um elemento de luta demasiado importante, gravoso e até penalizador para podermos vir a colocá-la nesta fase”. “Não represento sozinha a ASPE. No entanto, nós não temos pretensão nenhuma de apresentar uma greve, uma vez que estamos sentados à mesa de negociações com uma abertura e uma postura negocial tão proactiva”, afirmou, citada pela Lusa.

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