Obrigado, capitães. Que não nos canse, nunca, repetir isto
Festejar o 25 de Abril nos 50 anos do golpe militar que pôs fim à ditadura é festejar o golpe e a liberdade que dele nasceu.
No dia 24 de Abril de 1974 eu tinha 18 anos. Em Agosto faria 19 e, já com inspecção marcada para Junho, aguardava-me um destino idêntico ao de tantos outros: a Guerra Colonial. O clima era de alguma efervescência, é certo, tinha havido o golpe das Caldas, o livro de Spínola, o I Encontro da Canção Portuguesa, o Grândola e o “fascistas, fascistas” gritado no Coliseu dos Recreios que naquele dia foi tudo menos de recreio, mas estávamos longe de imaginar que o dia seguinte, uma quinta-feira (curiosamente, o calendário de Abril de 2024 replica, dia por dia, o de 1974), iria mudar as nossas vidas e a do país. Nessa altura, morava na Ajuda e das janelas da nossa casa via-se, do outro lado da rua, um dos vários quartéis da zona (ainda por lá existe, a assinalar essa antiga omnipresença, a Rua dos Quartéis, já para não falar na Calçada da Ajuda, ainda e sempre ligada à presença militar). Mas naquela manhã, os militares já não estavam apenas na vizinhança, estavam na rádio, a falar da “gravidade da hora” e a pedir aos habitantes da cidade de Lisboa que se “mantivessem nas suas casas com a máxima calma”.
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