Autoeuropa: acordo laboral aprovado para dois anos
Mais de 60% dos trabalhadores deram luz verde a proposta de acordo com uma duração mais curta, de dois e não três anos, e que mantém aumento salarial de 6,8% em 2024.
A proposta de acordo laboral na Autoeuropa foi aprovada, depois do referendo realizado esta terça e quarta-feira, com 61,5% de votos a favor e 37,9% contra. Num comunicado que termina com uma saudação aos 50 anos da revolução de 25 de Abril de 1974, a Comissão de Trabalhadores (CT) informa que participaram na votação 4026 dos 4883 trabalhadores com direito a voto, o que dá uma taxa de participação de 82,4%.
Com este acordo, válido por dois anos, fica garantido um aumento salarial de 6,8% em 2024 e de 2,6% em 2025 (ou 0,6% acima da inflação média de 2024, dependendo do que for mais favorável).
À segunda tentativa, o pré-acordo entre Comissão de Trabalhadores e administração da fábrica da Volkswagen, em Palmela, passou. Num primeiro referendo, realizado no início de Abril, a proposta tinha sido rejeitada por 57,7% dos trabalhadores. No regresso à mesa das negociações, a empresa reduziu de três para dois anos o período de vigência, eliminando assim um dos pontos que criaram mais resistências na fábrica. Foi o suficiente para inverter o sentido de voto, ultrapassando-se assim o impasse laboral.
Esta nova versão agora aprovada só difere mesmo no período de vigência. As restantes condições mantiveram-se, incluindo as propostas de aumentos – o de 2024 pode agora ser pago, com efeitos retroactivos a Janeiro.
Manteve-se também a proposta de um aumento mínimo de 100 euros para os salários mais baixos (dos operadores), assim como um aumento mínimo de 50 euros em 2025, para a mesma faixa salarial.
Também fica a constar do acordo o prémio único pela introdução de um novo modelo na produção de Palmela, equivalente a 50% do salário, pago de uma vez, a todos os trabalhadores, assim como a majoração de até 50% do prémio de objectivos em 2024. Os dois são acumuláveis.
Paragens em Maio, Junho e Julho
O coordenador da Comissão de Trabalhadores, Rogério Nogueira, afirma que é "um dos melhores acordos alcançados na Autoeuropa", tendo em conta que "os trabalhadores vêem aumentados significativamente os seus rendimentos”.
“É um acordo que nos dá estabilidade, o que é importante para posicionar a fábrica para receber um novo carro no futuro”, acrescentou Rogério Nogueira, congratulando-se com a “grande participação no referendo”.
A Autoeuropa produziu 220.100 veículos em 2023. A previsão para 2024 é a de superar esse volume, tendo sido fixada a meta de 230.550 unidades, contando desde já com algumas paragens de produção em Maio, Junho e Julho. A Comissão de Trabalhadores pretende garantir que estas paragens, impostas pela "transformação e preparação da fábrica" com vista à fabricação de um modelo híbrido a partir de 2025, não penalizem o rendimento dos trabalhadores.
"A empresa tem todas as condições para garantir a totalidade desses rendimentos", dizem os representantes dos trabalhadores.
Num comunicado da semana passada, a Comissão de Trabalhadores informou que "a empresa remeteu para as próximas semanas a discussão sobre as condições das referidas paragens e referiu que em conjunto com a Comissão de Trabalhadores irá criar condições para que os rendimentos não sejam afectados".
Entre outras medidas, a solução "poderá passar por planos de formação profissional".
No próximo mês, haverá uma paragem técnica entre 1 e 5 de Maio. No mês seguinte, haverá nova pausa entre os dias 2 e 9, para obras. A mesma razão vai impor nova paragem entre 10 e 22 de Julho.
A Volkswagen tem um plano de investimentos de 600 milhões de euros, que vai servir para reformular secções como a pintura, com vista à descarbonização, e adaptar as actuais linhas de produção ao novo modelo híbrido que irá receber no próximo ano.