Dois anos de combate à manipulação de resultados na FPF: “Diria que evoluímos”

Directora da Unidade de Integridade do organismo que rege o futebol nacional alude a uma maior consciencialização por parte dos agentes desportivos em relação ao fenómeno.

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Daniel Rocha
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A directora da Unidade de Integridade da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Rute Soares, considerou nesta quarta-feira que o projecto desenvolvido contra a manipulação de resultados e competições desportivas tem evoluído no sector.

"Começámos a fazer estas acções junto das selecções nacionais, mas depois percebemos que tínhamos de ir mais além. Começámos a ir a uma série de plantéis de competições profissionais e percebemos que havia esse desconhecimento sobre se podiam apostar ou não. Entretanto, fizemos a mesma formação em plantéis de competições amadoras e juniores, continuámos a perceber que há essa dúvida, mas não tanto como no início. Portanto diria que evoluímos", apontou, em conferência na Cidade do Futebol, em Oeiras.

O projecto SAMF (Desportos contra a Manipulação de Resultados, traduzindo a sigla em inglês) apresentou as conclusões de dois anos de trabalho, durante os quais contactou atletas de diferentes países e desportos e, com base em histórias reais, desenvolveu materiais educacionais com o intuito de sensibilizar todos os atletas de base sobre esta temática, salientando as proibições existentes para jogadores e demais agentes desportivos na realização de apostas.

Rute Soares destacou a necessidade de se combater a manipulação de resultados e competições, com o objectivo de retirar proveito numa aposta. "Em Portugal, as apostas são legais, embora exista um mercado ilegal de apostas, que são de facto um problema, porque não se conseguem monitorizar tão facilmente. O problema é quando se manipulam jogos por causa de uma aposta", apontou.

Integridade, "um dos eixos" da FPF

No arranque do evento, o presidente da FPF, Fernando Gomes, realçou a "prioritária, fulcral e inadiável luta contra a viciação de resultados e defesa da integridade de todas as competições" que é necessário aplicar, lembrando o trabalho feito pela federação.

"A integridade é um dos eixos de todas as actividades da FPF e esteve sempre presente nos objectivos ao longo dos nossos mandatos. Ter um departamento exclusivo para o assunto é uma mais-valia para as nossas actividades. Não acreditamos em competições sem transparência e credibilidade", disse, acrescentando: "Sabemos bem que estamos mais perto da federação que queremos: transparente, isenta, leal e incorruptível. O esforço do combate à manipulação de jogos não acaba aqui e temos muito trabalho".

Também o secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, recentemente empossado no cargo, após vários anos como dirigente precisamente da FPF, manifestou preocupação pelo "fenómeno global que ameaça o desporto", elogiando a federação pelo combate.

"A FPF é um modelo. Adoptou várias medidas para erradicar este fenómeno e investiu na prevenção e educação de todos os agentes desportivos. Acreditamos que o diálogo e a cooperação entre as autoridades públicas, organizações desportivas e empresas de apostas desportivas, numa base de respeito e confiança, respondem aos desafios do problema da manipulação das competições desportivas", expressou, no seu discurso.

No evento, marcaram presença oradores responsáveis da União Europeia, Conselho da Europa, UEFA, Federação Internacional de Basquetebol, Movimento Olímpico, Agência Internacional de Integridade do Ténis, Interpol e Polícia Judiciária, assistindo também responsáveis por 20 federações, associações distritais e Comité Olímpico Internacional.