Ministro da Agricultura da Ucrânia suspeito de apropriação de terrenos estatais

O ministro é suspeito de aquisição ilegal de terrenos no valor de cerca de sete milhões de euros. Governo de Kiev anunciou o encerramento dos serviços consulares para homens em idade militar.

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O ministro supervisiona o importante sector dos cereais, em dificuldades desde o início da guerra em 2022 STRINGER / REUTERS
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O ministro da Agricultura da Ucrânia, Mykola Solsky, foi, esta terça-feira, considerado suspeito pelo Gabinete Nacional Anticorrupção da Ucrânia numa investigação sobre a aquisição ilegal de terrenos do Estado.

O Governo ucraniano revelou num comunicado que tinha descoberto um esquema liderado por um actual ministro para adquirir ilegalmente 2500 hectares de terrenos do Estado no valor de 291 milhões de hryvnias (cerca de sete milhões de euros), bem como uma tentativa adicional de aquisição de mais 3282 hectares no valor de 190 milhões de hryvnias (cerca de 4,5 milhões de euros).

No seu canal de Telegram, o ministro comentou as alegações, referindo que dizem respeito a um período entre 2017 e 2018, quando trabalhou como advogado numa disputa entre empresas estatais e indivíduos.

"Garanto a máxima abertura para apurar a verdade, mas não há necessidade disso – todos os dados estão disponíveis para as autoridades e as provas e argumentos das partes estão a ser analisados pelos tribunais", referiu ainda o ministro.

A declaração não mencionava o nome de Solsky, mas afirmava que o suspeito era o antigo presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura, cargo que ocupou antes de se tornar ministro da Agricultura em Março de 2022. Desde a sua nomeação, Solsky tem supervisionado o sector dos cereais, em dificuldades durante a guerra com a Rússia.

Se for confirmado, Solsky será o primeiro ministro do Governo do Presidente Volodymyr Zelensky a ser apontado como suspeito num caso de corrupção, algo que surge numa altura de especulações crescentes sobre uma remodelação governamental iminente.

Ucrânia encerra serviços consulares para homens em idade militar

Esta terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitro Kuleba, anunciou o encerramento dos serviços consulares para homens em idade militar no estrangeiro. Numa declaração publicada na rede social X, Kuleba afirmou que tomou medidas para "restaurar" aquilo a que chama "atitudes justas" para homens com idade militar.

"A situação actual é esta: um homem em idade de alistamento foi para o estrangeiro, mostrou ao seu Estado que não se preocupa com a sua sobrevivência e depois quer receber serviços desse Estado. Não é assim que as coisas funcionam. O nosso país está em guerra", criticou o chefe da diplomacia ucraniana, acrescentando que clarificará "em breve" o procedimento para que estas pessoas possam obter serviços consulares novamente.

A medida surge numa altura em que a Ucrânia tenta aumentar os alistamentos no Exército. A base de dados Eurostat estima que, em Janeiro de 2024, estavam registados nos países da União Europeia 4,3 milhões de ucranianos, dos quais cerca de 20% são homens adultos, ou seja, aproximadamente 860 mil pessoas.

Numa declaração separada, o serviço estatal de passaportes comentou ainda que foi "suspensa a emissão de passaportes" nos serviços no estrangeiro.