Máquinas já mexem na nova academia do FC Porto. “Isto é imparável”, diz Pinto da Costa
Presidente portista diz que o projecto é um dos marcos em 42 anos de presidência.
No dia em que completou 42 anos à frente dos destinos do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa abriu os portões dos terrenos na Maia que vão um dia acolher a nova academia dos "dragões". Depois de o clube segurar em hasta pública 14 hectares pertencentes ao município por 3,4 milhões de euros, juntam-se agora nove hectares pertencentes à construtora Alexandre Barbosa Borges (ABB) – não sendo ainda conhecido o valor que o clube pagará por estas parcelas. Visivelmente feliz e bem disposto, Pinto da Costa diz que esta obra será um dos legados das mais de quatro décadas de presidência.
"Penso que é a obra mais necessária este momento. A formação tem tido sucesso, como se viu recentemente. Temos jogadores formados no FC Porto a jogar na equipa A, temos outros com 16 anos na equipa B. Penso que com estas condições, [a formação] poderá ser muito melhor e ter mais qualidade", começou por dizer Pinto da Costa, voltando a visar aqueles que chamaram à obra uma "utopia", crítica dirigida ao concorrente eleitoral, André Villas-Boas.
Tractores, camiões e outras máquinas mostravam trabalho nos terrenos visitados esta terça-feira pela comunicação social. Os trabalhos de terraplanagem estão em curso, a primeira fase de uma empreitada que os responsáveis portistas prevêem que dure ano e meio e custe 40 milhões de euros. Fernando Gomes, administrador financeiro da SAD, sublinhou que as obras estão a ser acompanhadas por responsáveis que têm como objectivo a salvaguarda do património arqueológico, de modo a evitar paragens na construção da nova academia. Os acessos também serão alvo de renovação, confirma o responsável.
"A Câmara Municipal da Maia tem um novo plano de acessibilidades, cujo concurso será aberto. A ponto de, quando terminar a academia, essas acessibilidades estarem todas prontas. Como verificaram, o trajecto para aqui chegarem não é fácil. Mas, quando o FC Porto decidiu construir a academia teve o apoio da autarquia, que irá construir [acessos]", adiantou Fernando Gomes. Do "Dragão" à Academia, sempre por vias principais, o novo trajecto durará apenas 15 minutos, sentencia o administrador da SAD.
Dez campos de futebol
A infra-estrutura contará com dez campos de futebol e um mini-estádio com capacidade para cerca de 2000 lugares. Terá ainda 72 quartos duplos para albergar os jovens da formação deslocados. No total, a academia dos "dragões" ocupará uma área de 23 hectares. A intenção é a de mover os escalões de formação para a Maia, mantendo-se a equipa principal no actual centro de treinos do Olival. O arquitecto Manuel Salgado, responsável pelo desenho do Estádio do Dragão, assumiu também o planeamento da nova academia.
O FC Porto está a apenas quatro dias de eleições, com André Villas-Boas a desafiar a hegemonia de Pinto da Costa na presidência do clube. O presidente portista diz que esta é uma obra que ultrapassa o acto eleitoral, uma infra-estrutura "eternamente" do FC Porto e de que o clube precisava.
"Isto é um sonho antigo que eu tive. Não é para mim, não venho aqui treinar que não tenho idade. É um sonho para o FC Porto e será eternamente do clube, quem quer que seja [o presidente]", adiantou. O facto de poder não ser o homem a inaugurar esta obra não traz tristeza, garante. "Quem está aqui ou não está [na inauguração] é uma feira de vaidades. O que me interessa é que esta obra esteja pronta ao serviço da juventude e do FC Porto", assevera.
O vice-presidente Vitor Baía também acompanhou a apresentação das obras nos terrenos da academia, bem como António Oliveira, antigo jogador e um dos candidatos apresentados por Pinto da Costa para assumir a vice-presidência do clube. O director-geral Luís Gonçalves foi outra das personalidades presentes, numa caminhada acompanhada de perto pelos engenheiros da ABB. Apesar de se afastar das eleições do próximo sábado, Pinto da Costa não escondeu alguma tristeza com as acusações lançadas pela candidatura de André Villas-Boas sobre o projecto, dizendo que este foi apressado pela eventual ameaça de que fossem "rasgados contratos", acto que comprometeria a academia.
"Se eu estivesse aqui a comentar o que o outro candidato disse, teria de lamentar o que ele disse de isto ser uma utopia e um chorrilho de mentiras. Depois do que ele disse e do que estão a ver aqui, se ele tivesse realmente carácter, teria pedido desculpas publicamente pelas ofensas que me fez e por não acreditar que isto era possível. Estão os trabalhos a decorrer, como podem ver. Isto é imparável", finalizou.