Valor das notas colocadas em circulação diminuiu 17,8% no último ano

Aumento do turismo (trazendo notas para o país) e subida das taxas do BCE explicam redução.

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Circulação de notas e moedas contrafeitas a circular em Portugal continua reduzida EVA CARASOL / PUBLICO
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O valor das notas colocadas em circulação pelo Banco de Portugal (emissão líquida) manteve-se negativo em 2023 (menos 24,7 mil milhões de euros), diminuindo 17,8% relativamente ao final de 2022. No período, saíram do Banco de Portugal 6.372,7 milhões de euros em notas e entraram 10.113,6 milhões de euros, revelou esta segunda-feira o Banco de Portugal (BdP).

Para aquela evolução, explica o supervisor, “terão contribuído o crescimento do turismo em Portugal (ao trazer notas para o país que não são integralmente absorvidas pela procura) e a subida das taxas de juro do Banco Central Europeu (que aumenta o custo de oportunidade de deter notas, incentivando o seu regresso aos bancos centrais)”.

O Relatório da Emissão Monetária de 2023, divulgado esta segunda-feira, revela que, em sentido inverso ao das notas, “a emissão líquida de moedas tem crescido continuamente, tendo atingido 791,6 milhões de euros no final do ano”, com a entrada no BdP de 38,2 milhões de euros em moedas e a saída de 76 milhões de euros.

A nível mundial, o número de notas e o número de moedas de euro em circulação alcançaram, no final de 2023, máximos históricos, com 29,8 mil milhões de notas e 148,2 mil milhões de moedas, o que para o BdP "confirma que o numerário continua a ser o meio de pagamento mais utilizado pelos cidadãos da área do euro".

Ainda assim, acrescenta, "o valor de notas de euro em circulação diminuiu pela primeira vez desde a introdução da moeda única, fixando-se em 1,6 biliões de euros, menos 0,3% do que no final de 2022, reflectindo a subida das taxas de juro do BCE".

No que se refere à produção de notas, o documento dá conta de que o BdP, através da Valora, empresa que detém a 100%, produziu 265,8 milhões de notas de 20 euros em 2023. Esta produção correspondeu “à quota-parte de notas que lhe foi atribuída para produzir no âmbito do acordo com os bancos centrais da Áustria e da Bélgica”, adianta a instituição liderada por Mário Centeno.

Os levantamentos e os depósitos de valores nas tesourarias do BdP caíram de forma acentuada, com a quantidade e o montante de notas que saíram a diminuir 30,1% e 34,4%, respectivamente. No mesmo sentido, a quantidade e o montante de notas que entraram apresentaram quebras de, respectivamente, 21,3% e 12,3%.

Esta evolução é explicada pela alteração das regras de depósito e levantamento de notas e moedas nas tesourarias do BdP, criadas em 2018, com “o objectivo de incentivar a troca directa entre instituições de crédito e empresas de transporte de valores (ETV) e, assim, tornar mais eficiente o ciclo de vida do numerário”, refere o relatório. Neste âmbito, as instituições de crédito e as ETV processaram oito vezes mais notas (3489 milhões) e 21 vezes mais moedas (2100 milhões) do que o Banco de Portugal, um processo fiscalizado pelo BdP através de 556 acções de inspecção em todo o território nacional.

No ano passado, o Banco verificou a qualidade de 445,7 milhões de notas e 99,4 milhões de moedas “com recurso a equipamentos de alta velocidade”, e a taxa de inutilização de notas aumentou de 15,2%, em 2022, para 20,8%. As notas consideradas “incapazes foram destruídas, gerando 78,3 toneladas de fragmentos, utilizados para produzir energia”.

Já “manualmente, o Banco valorizou 65.607 notas e 398.102 moedas, devolvendo 11,2 milhões de euros aos seus apresentantes”, lê-se no relatório.

Em 2023, foram ainda retiradas da circulação em Portugal 16.723 contrafacções de notas e 3197 contrafacções de moedas, um aumento de 55% face a 2022, mas ainda assim números que correspondem "a percentagens ínfimas do número de notas e moedas genuínas em circulação", refere o relatório, dados que, contudo, já tinham sido divulgados.

Ainda assim, e ao contrário do que aconteceu em 2022, mais de metade das contrafacções apreendidas correspondeu a notas de alta denominação – 100, 200 e 500 euros – e a contrafacção de moeda mais apreendida continuou a ser a de dois euros.

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