Na confusão de Chaves, os jogadores do Estoril deveriam ter sido expulsos?

Houve invasão de campo e agressões no Desp. Chaves-Estoril. Se um jogador aplica força física a defender-se de agressões deve ser expulso? E se agride?

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A confusão entre Chaves e Estoril PEDRO SARMENTO COSTA / LUSA
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Comecemos já com a resposta à pergunta do título: sim, os jogadores do Estoril deveriam ter sido – como foram – expulsos em Chaves. Neste domingo, uma invasão de campo na partida entre transmontanos e lisboetas levou a que dois jogadores do Estoril fossem expulsos pelo árbitro Nuno Almeida.

Nas últimas horas, uma das questões trazidas a lume foi a do nexo destas expulsões, dado que nem Marcelo Carné nem Pedro Álvaro foram agredir adeptos por sua iniciativa, mas sim como resposta a terem sido abordados de forma agressiva pelos invasores. No fundo, alude-se a uma “legítima defesa”, conceito tido como justificador de agressões por parte de quem é agredido.

Assim, sendo, Nuno Almeida agiu bem? De acordo com as Leis do Jogo, sim. O árbitro algarvio cumpriu o estipulado na Lei 12 das regras do futebol, nomeadamente na página 114, que versa sobre infracções passíveis de expulsão. E pode ler-se, entre as diferentes infracções possíveis, a que fala de “comportamento físico ou agressivo (incluindo cuspir ou morder) para com um adversário, suplente, elemento oficial das equipas, elemento da equipa de arbitragem, espectador ou qualquer outra pessoa (por exemplo, um apanha-bolas, segurança, elemento oficial da competição, etc.)”.

Nenhum preceito das Leis do Jogo pressupõe análise de “legítima defesa”. “Então devem ser meros sacos de pancada?”, perguntarão alguns. Aqui, entra o bom senso. Ninguém esperará que um ser humano se preste a ser agredido sem fazer nada, mas, seguindo o previsto nas Leis do Jogo, o comportamento de mera defesa pessoal e/ou fuga será o mais correcto, sob pena de ser expulso em caso de resposta física.

Faz sentido que assim seja? Essa já é uma discussão mais complexa, mas, para o Desp. Chaves-Estoril, o importante é perceber que foi cumprida a lei: os jogadores do Estoril, ao ripostarem fisicamente, “colocaram-se a jeito” da expulsão – sobretudo Pedro Álvaro, com uma joelhada agressiva evidente.

Já sobre Carné as imagens disponíveis sugerem uma atitude menos agressiva – e porventura mais de defesa pessoal e neutralização dos invasores –, mas que as leis do jogo poderão compreender como expulsão, pela existência de reacção física. Existe ainda a possibilidade de ter existido uma agressão fora das imagens disponíveis, já que a realização televisiva não mostrou todo o conflito.

Tudo fica, portanto, dependente do relatório de Nuno Almeida e do delegado da Liga, sobretudo a nível de pena disciplinar pós-jogo. Ambos os jogadores beneficiarão, em teoria, da atenuante de terem reagido depois de abordados fisicamente por elementos estranhos ao jogo, ainda que esse preceito deva beneficiar mais Carné do que Pedro Álvaro, cuja agressão clara e evidente a um adepto não deixa margem para dúvidas.

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