Activistas do Climáximo vão a julgamento esta quarta-feira, mas prometem continuar protestos

Os 11 activistas do Climáximo começam a ser julgados esta quarta-feira. Activistas garantem que “vão continuar a resistir” e preparam vigílias de apoio durante os três dias de julgamento.

Foto
Activistas do Climáximo começam a ser julgados esta quarta-feira pelo protesto político de Dezembro de 2023 Nuno Ferreira Santos
Ouça este artigo
00:00
02:47

Os activistas do movimento ambientalista Climáximo assumiram não esperar muito do julgamento que começa esta segunda-feira no Campus da Justiça, em Lisboa, e garantiram que vão continuar as acções de protesto e denúncia da crise climática. Os activistas vão ser julgados pelo bloqueio da Avenida Eng. Duarte Pacheco, em Dezembro de 2023.

"Para o julgamento em si não tenho muitas expectativas. A partir do momento em que governos e empresas, com conhecimento da crise climática, continuam activamente, premeditadamente e conscientemente a expandir a indústria fóssil e a investir na nossa morte...", afirmou Maria Mesquita, uma dos 11 activistas que vão responder em tribunal pelos crimes de desobediência civil e interrupção das comunicações.

Em declarações aos jornalistas, a activista preferiu destacar as "Assembleias de Abril" que o grupo ambientalista vai organizar nas imediações do tribunal para reflectir sobre "os próximos passos" e para tentar captar o apoio das pessoas, acrescentando que se os apoiantes do Climáximo forem condenados, isso será apenas a "reiteração da guerra declarada dos governos e das empresas à sociedade".

"Vamos continuar a resistir da forma que nos for possível e da forma que for necessária. Não existe nada mais que nós possamos estar a fazer neste momento. A partir do momento em que estas pessoas escolhem conscientemente colocar toda a nossa vida em risco, não existe mais nada que nós possamos fazer. Nós vamos continuar", disse.

A resistência climática e a resistência contra a ditadura

Maria Mesquita fez ainda um paralelismo entre a resistência dos activistas climáticos com a resistência contra a ditadura do Estado Novo. "Sabemos que estamos a fazer aquilo que é correcto. Estamos a três dias de celebrar os 50 anos do 25 de Abril... da mesma forma que as pessoas que lutavam então pela liberdade resistiram e construíram um movimento de resistência popular, é isso que nós estamos a fazer e vamos continuar a fazer", referiu.

"Não iríamos pedir ao próprio Salazar que acabasse com a ditadura e a guerra colonial, tiveram de ser as pessoas a tomar essa responsabilidade", acrescentou a activista.

Defendeu ainda o objectivo de "abrir um debate na sociedade" para reconhecer e combater de forma efectiva a crise climática, considerando que os governos não mostraram vontade em debater soluções para esta situação.

"Já tentámos dialogar com as instituições e a resposta delas continua a ser investir em combustíveis fósseis. São planos para um gasoduto em Portugal, para um novo aeroporto... essas pessoas continuam a condenar-nos à morte, portanto, não queremos dialogar mais com estas pessoas, queremos dialogar com a sociedade", concluiu.

O julgamento dos 11 activistas, que respondem em tribunal pelo bloqueio da Avenida Engenheiro Duarte Pacheco, em Dezembro de 2023, tem audiências marcadas até quarta-feira. Os ambientalistas têm idades entre os 20 e os 58 anos e, em caso de condenação, arriscam penas superiores a um ano de prisão.