Câmara dos Representantes dos EUA aprova pacote de ajuda à Ucrânia

Assistência a Kiev esteve retida em Washington durante quase meio ano por falta de entendimento no Congresso. Zelensky saúda decisão que “mantém a história no rumo certo”.

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Falta de acordo no Congresso impediu a aprovação da ajuda à Ucrânia durante vários meses Ken Cedeno / REUTERS
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A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou este sábado um pacote de ajuda à Ucrânia no valor de 61 mil milhões de dólares (57 mil milhões de euros), pondo fim a um impasse de vários meses em que a assistência ficou retida em Washington, enquanto as forças ucranianas alertavam para a falta de armamento e munições.

O bloqueio foi superado depois de democratas e republicanos chegarem a acordo para a aprovação do financiamento de quatro pacotes diferentes de apoio militar à Ucrânia, a Israel e a vários aliados dos EUA na Ásia, bem como assistência humanitária para Gaza. Ao todo, os pacotes totalizam um financiamento no valor de 95 mil milhões de dólares (89 mil milhões de euros).

O acordo foi alcançado ao fim de vários meses em que uma minoria de republicanos radicais rejeitava qualquer entendimento, exigindo medidas muito restritivas da imigração como contrapartida. Apesar de ser um grupo reduzido, muito ligado à agenda de Donald Trump, os radicais conseguiram travar a maioria das iniciativas legislativas dos últimos seis meses por serem fundamentais para a curta maioria do Partido Republicano na Câmara dos Representantes.

O impasse foi superado depois de o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, ter aceitado apresentar os pacotes ao plenário, embora com uma avalanche de críticas do sector radical que ameaça agora com a sua destituição.

Na votação deste sábado, o pacote de assistência à Ucrânia recebeu 311 votos a favor e 112 contra. No momento da confirmação da aprovação viram-se várias bandeiras ucranianas a serem agitadas no plenário da Câmara, como demonstração da enorme expectativa com que este momento era aguardado.

Poucos minutos depois da aprovação, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky saudou uma decisão “que mantém a história no rumo certo”. “A legislação crucial dos EUA aprovada hoje pela Câmara irá impedir a guerra de se expandir, salvar milhares e milhares de vidas e ajudar as nossas duas nações a serem mais fortes”, afirmou Zelensky através do X.

Sublinhando o sentido de urgência, o Presidente dos EUA, Joe Biden, pediu que o processo de aprovação seja rápido para que o diploma seja promulgado e seja "enviado rapidamente armas e equipamento para a Ucrânia para suprir as suas necessidades urgentes".

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também manifestou agrado com a aprovação do pacote "crucial" para Kiev. "Isto envia uma mensagem clara para o Kremlin: aqueles que acreditam na liberdade e na Carta da ONU vão continuar a apoiar a Ucrânia e o seu povo", declarou.

O pacote será ainda submetido a votação no Senado na segunda-feira antes se entrar em vigor, esperando-se nova aprovação.

Esta tranche de assistência financeira para a Ucrânia surge num momento crítico para as forças militares de Kiev, que há muito se viram sem munições para fazer frente às investidas russas na linha da frente. Vários analistas militares davam como altamente provável que a Ucrânia pudesse perder a guerra até ao fim do ano caso Washington não disponibilizasse mais ajuda.

As autoridades ucranianas acreditam que a entrada deste financiamento poderá desde logo permitir repor os stocks de munições e armamento que se esgotaram ao longo do último ano. Ainda assim, são muitos os desafios que devem ser superados pela Ucrânia para conseguir resistir à invasão russa iniciada a 24 de Fevereiro de 2022. Um dos principais é a escassez de militares e, recentemente, Kiev aprovou uma reforma da mobilização militar para conseguir aumentar a capacidade para recrutar homens e mulheres para as Forças Armadas.

Para a estratégia da Rússia, por outro lado, tem sido fundamental procurar desgastar ao máximo o apoio ocidental à Ucrânia, enquanto aguarda pela exaustão dos seus recursos humanos e materiais.

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