EUA sancionam aliado de Ben-Gvir e angariadores de fundos para colonos “extremistas”
As sanções são o mais recente sinal da crescente frustração dos EUA com as políticas do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.
Os Estados Unidos impuseram esta sexta-feira sanções a um aliado do ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, e a duas entidades que angariaram fundos para colonos israelitas acusados de violência contra palestinianos, as mais recentes acções contra quem Washington responsabiliza pela escalada de violência na Cisjordânia ocupada.
As sanções, para além das já impostas este ano a cinco colonos e a dois colonatos não autorizados, são o mais recente sinal da crescente frustração dos EUA com as políticas do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.
As medidas tomadas esta sexta-feira, que congelam quaisquer bens dos EUA detidos pelos visados e impedem os cidadãos norte-americanos de negociar com eles, atingiram duas organizações que lançaram campanhas de angariação de fundos para apoiar os colonos acusados de violência e visados por sanções anteriores, disse o Departamento do Tesouro dos EUA num comunicado.
As novas sanções surgem numa altura em que a complexa relação entre Washington e o seu aliado Israel está a ser testada pela guerra em Gaza e a administração Biden pressiona Israel a mostrar contenção na resposta aos ataques de retaliação do Irão.
Washington sancionou Ben-Zion Gopstein, fundador e líder do grupo de direita Lehava, que se opõe à assimilação dos judeus com os não-judeus. O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que os membros do grupo se envolveram em “violência desestabilizadora que afecta a Cisjordânia”.
“Sob a liderança de Gopstein, o Lehava e os seus membros têm estado envolvidos em actos ou ameaças de violência contra os palestinianos, muitas vezes visando áreas sensíveis ou voláteis”, afirmou Miller, alertando para a possibilidade de sanções adicionais se Israel não tomar medidas para evitar ataques extremistas, no meio de uma escalada de violência na Cisjordânia nos últimos dias.
A União Europeia também informou esta sexta-feira que concordou em adoptar sanções contra o Lehava e outros grupos ligados a colonos violentos.
Gopstein é um colaborador próximo do ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, de extrema-direita, que vive num colonato da Cisjordânia.
Numa reacção às sanções, Ben-Gvir criticou aquilo a que chamou assédio contra Lehava e “os nossos queridos colonos que nunca se envolveram em terrorismo nem fizeram mal a ninguém”, classificando as alegações contra eles como “calúnia de sangue” por parte de grupos palestinianos e anarquistas.
“Apelo aos países ocidentais para que deixem de cooperar com estes anti-semitas e ponham fim a esta campanha de perseguição contra os pioneiros colonos sionistas”, declarou Ben-Gvir num comunicado divulgado pelo seu gabinete.
Desde a guerra de 1967 que Israel ocupa a Cisjordânia, território que os palestinianos querem como núcleo de um Estado independente. Construiu aí colonatos judaicos que a maioria dos países considera ilegais. Israel contesta este facto e cita laços históricos e bíblicos com a terra.
Em Fevereiro, a administração Biden afirmou que os colonatos eram inconsistentes com o direito internacional, sinalizando um retorno à política americana de longa data sobre o assunto, que havia sido revertida pela Administração de Donald Trump.
Uma das entidades visadas pela sanções, o Fundo Monte Hebron, lançou uma campanha online de angariação de fundos que recolheu 140 mil dólares (131 mil euros) para o colono Yinon Levi, informou o Departamento do Tesouro, depois de o mesmo ter sido sancionado a 1 de Fevereiro por liderar um grupo de colonos que agrediu civis palestinianos e beduínos, queimou os seus campos e destruiu as suas propriedades.
A segunda entidade, Shlom Asiraich, angariou 31 mil dólares (29 mil euros), num site de crowdfunding, destinados a David Chai Chasdai, que os EUA sancionaram por ter iniciado e liderado um motim que incluiu incendiar veículos e edifícios e causar danos à propriedade na cidade palestiniana de Huwara, resultando na morte de um civil palestiniano.