Copos bem cheios para alimentarmos a revolução

Onde eu vivia, o tempo ainda era mais antigo e lento, as notícias e as ondas musicais demoravam a chegar, esbarravam nos montes. As crianças vestiam-se como os adultos, mas com números mais pequenos.

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"25 de Abril, sempre." MIGUEL MANSO
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O Zeca veio com mais cinco e mandou vir uma rodada, de branco e tinto, em copos de vidro grosso, vinho saído directamente das pipas pousadas mesmo atrás do balcão, avinhadas e gastas como o dono, beirão adulto desde a infância, um de dez irmãos, sem contar com os três que morreram pouco depois da nascença e um quarto nas matas da Guiné, não se lembra do local, mas foi um funeral que ainda faz tremer a aldeia, ninguém abriu o caixão, e a tropa disparou umas salvas que se ouviram nos contrafortes da Estrela, coisa triste e pungente. Depois apareceu o Adriano, trazendo umas broas de Avintes e um Vinhão de Castelo de Paiva, vinho de lavrador, para bailar com o branco e tinto da adega de Silgueiros, que o “velho” tinha tudo dividido: cereal no Alentejo, generoso no Douro, espumante na Bairrada, vinho de cooperativa no Dão.

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