Empresas e famílias portuguesas reduziram consumo de gás em 22% com plano de poupança

Plano de poupança de energia esteve em vigor entre Agosto de 2022 e Março de 2024.

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As importações europeias de gás russo caíram 45% em 2021, 24% em 2022 e 15% em 2023 Carlos Lopes
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O balanço final do plano de poupança de energia português que esteve em vigor entre Agosto de 2022 e Março de 2024 saldou-se numa redução generalizada do consumo de gás de 22,6% (por comparação com o período entre Abril de 2017 e Março de 2022), acima dos 15% definidos pelo regulamento europeu que determinou medidas voluntárias (e, em caso de emergência, obrigatórias) de contenção dos consumos energéticos para reduzir a dependência energética da Rússia.

Em Portugal, no caso do consumo das famílias e empresas, a diminuição foi de 22% e, nas centrais eléctricas, atingiu 23,7%, graças ao aumento da produção renovável, de acordo com os dados divulgados esta sexta-feira pela Adene – Agência para a Energia.

A nível da administração pública central e local, a Adene contabilizou um total de 254 entidades e 203 municípios envolvidos, respectivamente, com mais de 2500 medidas executadas, principalmente em áreas como a climatização dos edifícios e a iluminação interior e exterior, medidas de poupança de água na rega (no caso das autarquias), e campanhas de comunicação e sensibilização.

As medidas de redução de consumos energéticos tinham carácter obrigatório para as entidades públicas, mas a Adene também confirmou a aplicação de iniciativas de eficiência energética e hídrica no sector privado – em 65 empresas e 456 indústrias. No caso dos centros comerciais, foi contabilizada uma poupança de 44% no gás natural e de 14% na electricidade.

No último relatório de acompanhamento de execução do regulamento europeu, relativo ao período entre Abril de 2023 e Março de 2024, a Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) considera que os resultados das medidas introduzidas com o plano de poupança de energia português “trarão resultados persistentes” e admite que as reduções de consumo de gás na actividade económica e sector doméstico que foram “alcançadas no período 2022-2023 sejam permanentes”.

Contudo, o relatório recorda que os consumos de gás nas centrais eléctricas estão sempre dependentes das condições climatéricas e meteorológicas e da capacidade de utilização das centrais hídricas. “O desenvolvimento de nova capacidade instalada, nomeadamente solar, e a utilização das interligações eléctricas com Espanha poderão permitir evitar o recurso à produção nas centrais de ciclo combinado [a gás]”, admite a DGEG.

Em termos europeus, a comissária com a pasta da Energia, Kadri Simson, destacou na semana passada o facto de os Estados-membros terem conseguido reduzir em 20% o consumo energético nos últimos 18 meses, o que permitiu “poupar mais de 107 bcm [mil milhões de metros cúbicos]”.

Segundo Simson, as importações europeias de gás russo caíram 45% em 2021, 24% em 2022 e 15% em 2023 (ainda que o gás natural liquefeito russo tenha continuado a chegar regularmente à Europa, incluindo à Península Ibérica, por navio).

Em Março, na sequência de proposta da Comissão Europeia, o Conselho da UE recomendou aos Estados-membros que dêem “continuidade às actuais medidas de redução da procura de gás adoptadas nos termos do Regulamento (UE) 2022/1369 (1) a fim de alcançar uma redução de 15%” de consumo em comparação com o período de referência de 1 de Abril de 2017 a 31 de Março de 2022.

Embora a recomendação perca o carácter obrigatório de um regulamento, insta os Estados-membros a continuarem a comunicar à autoridade estatística europeia (Eurostat) “os seus dados sobre a redução da procura, incluindo uma repartição do consumo de gás por sector, como fazem actualmente”.

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