IL quer ouvir actuais e ex-gestores da Santa Casa sobre negócios do jogo no estrangeiro
Liberais pretendem explicações sobre negócio que terá causado perdas de pelo menos 50 milhões de euros à Misericórdia de Lisboa.
A Iniciativa Liberal vai pedir a presença no Parlamento de antigos e actuais gestores e decisores políticos ligados à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa por causa dos projectos da internacionalização dos negócios do jogo no estrangeiro que terá provocado perdas financeiras no valor de cerca de 50 milhões de euros.
Na lista das personalidades que os liberais querem ouvir estão, por exemplo, a ex-ministra Ana Mendes Godinho (que tutelava a Santa Casa), o antigo secretário de Estado da Internacionalização Eurico Brilhante Dias - ambos os socialistas são agora deputados -, o ex-provedor Edmundo Martinho, a actual provedora, a também socialista Ana Jorge (que mandou parar os investimentos no estrangeiro) e a ex-vice-provedora Ana Azevedo que se demitiu recentemente e apontou um cenário de perdas financeiras mas também problemas de "gestão política" da instituição.
As audições sobre os problemas financeiros do projecto de internacionalização do jogo da Misericórdia de Lisboa, através da Santa Casa Global, já tinham começado no ano passado, mas com a queda do Governo e a dissolução do Parlamento o processo acabou por ficar suspenso. Os liberais querem agora retomá-lo, em especial numa altura em que se começam a perceber os contornos dos negócios, mas também que há instituições de outros países, como o Brasil e o Reino Unido, que estão a pedir indemnizações por danos à Santa Casa. E ainda nesta quinta-feira a Visão noticiou que haverá cerca de duas dezenas de processos de investigação a decorrer no DCIAP à gestão e aos diversos negócios da Santa Casa.
"Há neste momento factos que apontam para perdas financeiras na ordem dos 50 milhões de euros no projecto de internacionalização da Santa Casa da Misericórdia. Há versões contraditórias, nomeadamente entre a ex-ministra Ana Mendes Godinho e elementos responsáveis pela gestão da Santa Casa. E nós pretendemos que, com a vinda deste conjunto de pessoas à comissão competente [que deverá ser a de Trabalho e Segurança Social], se possa caminhar no esclarecimento daquilo que parece ser, para já, um péssimo negócio, mas onde existe também a notícia de gestão e interferência política", descreveu Rui Rocha aos jornalistas.
O presidente da IL acrescentou que há divergências sobre o que Ana Mendes Godinho realmente sabia do negócio da Santa Casa, alegando Rui Rocha que algumas pessoas da instituição ouvidas disseram que a então ministra estava a par da decisão de internacionalização e até mesmo dos valores do investimento e "há quem diga que não". Ana Mendes Godinho, agora deputada, poderá esclarecer de viva voz.