Só pode ser ela

Essa é, na verdade, uma sensação comum — que os livros provocam nos leitores —, uma identificação resumida na frase “parece que foi escrito para mim“.

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Não era costume da São comprar o jornal, mas desta vez trazia uma entrevista ao autor de nome francês, o seu escritor favorito, o tal que ela não se cansava de ler e reler: parecia-lhe que escrevia para ela, sentia aqueles romances como longas cartas que lhe eram dirigidas, sendo que essa é, na verdade, uma sensação comum — que os livros provocam nos leitores —, uma identificação resumida na frase “parece que foi escrito para mim”. E no seu complemento “está aqui escrito exactamente o que penso, mas não tenho, nunca tive, capacidade de o materializar em palavras”. A primeira pergunta da entrevista era trivial e repisada, “Quanto do que escreve é autobiográfico?”, tendo o escritor respondido: “Nada, prefiro contar as misérias dos outros para que não conheçam as minhas.” Mais à frente, sobre o motivo da escrita romântica: “Uma amiga disse-me um dia, citando um outro amigo, algo sobre a solidão, que pode responder à sua pergunta. Altero apenas um pouco a citação para que se adapte melhor: a paixão é muito perigosa. Uma pessoa apaixonada é capaz de tudo. É capaz de matar, é capaz de morrer. Até é capaz de casar-se. E é, sabendo disto, que um romance deste tipo pode conter toda a tragédia da vida.”

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