Tocá Rufar lança campanha para evitar encerramento e desiste de Aldeia do Bombo

Uma angariação de fundos para conseguir manter as actividades gratuitas está a decorrer e abandonaram o projecto da nova sede, a Aldeia do Bombo.

Foto
Um concerto dos Tocá Rufar no Porto LUIS EFIGENIO / PUBLICO
Ouça este artigo
00:00
03:56

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A Associação dos Amigos dos Tocá Rufar lançou uma campanha de angariação de fundos para conseguir manter as actividades gratuitas e, por dificuldades financeiras, abandonou o projecto da nova sede, a Aldeia do Bombo.

Em causa, segundo o percussionista e fundador dos Tocá Rufar, Rui Júnior, está a construção da nova sede - a Aldeia do Bombo - que era a chave para o futuro da associação mas, devido a atrasos e revogações, o que construíram ao longo de décadas está em perigo de desaparecer.

"A presente situação resulta do atraso da construção da nova sede - vai para dois anos - a qual iria permitir a sustentabilidade desde há dois anos a esta data", explica a Associação dos Amigos dos Tocá Rufar (ADAT) no texto que acompanha a campanha de angariação de fundos.

A ADAT, que nasceu há 28 anos para promover formação artística e cultural para a afirmação da percussão tradicional portuguesa, refere também que o município do Seixal, no distrito de Setúbal, não cumpriu com a data de conclusão da obra da Aldeia do Bombo - Abril de 2022 -, pelo que a associação viu-se obrigada a revogar o contrato por não dispor de meios para fazer face aos custos excepcionais da obra, perdendo deste modo todo o investimento e património já edificado.

"Os atrasos da obra levaram a que os Tocá Rufar entrassem em dificuldades financeiros insuperáveis", disse Rui Júnior em declarações à agência Lusa, adiantando que a campanha agora lançada visa angariar 28 mil euros para que a associação possa sobreviver até Setembro.

Entretanto, adiantou Rui Júnior, estão em curso diversas candidaturas a apoios comunitários, locais, regionais e nacionais de modo a assegurar a continuidade do projecto a partir do próximo ano.

"É fundamental tomarmos medidas para garantir a continuidade da associação, seja por meio de apoio financeiro, parcerias institucionais ou outras formas de suporte, a fim de preservar esta valiosa instituição e evitar o seu encerramento", refere a associação no apelo que faz.

A Câmara Municipal do Seixal, no distrito de Setúbal, lamenta em comunicado a decisão da ADAT de desistir do projecto, que lhe foi comunicada numa reunião de urgência marcada pela autarquia, e refere que está agora à procura de novas parcerias para o desenvolvimento de projectos culturais e formativos.

"Uma vez que se trata de um projecto de parceria entre duas entidades, a desistência de uma das partes determina o fim do projecto, o que a Câmara Municipal do Seixal lamenta", refere a autarquia, adiantando que todo o edificado reverte para a câmara.

A campanha de angariação de fundos foi iniciada a 9 de Abril na plataforma https://ppl.pt/causas/tocarufar.

Entretanto, a Câmara do Seixal e a ADAT acordaram que vão continuar os projectos de parceria que estão em curso, como o projecto musical no Bairro da Cucena, que visa proporcionar às crianças e jovens a experiência de tocar com instrumentos acústicos, mobilizando todas as suas capacidades físicas e cognitivas, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Respostas Sociais - Comunidades Desfavorecidas -pelo qual a autarquia acordou pagar uma comparticipação no valor de 121.500 euros, assim como o projecto das oficinas de percussão do Curso Regular Tocá Rufar nas escolas do 1.º ciclo do ensino básico, com comparticipação financeira da autarquia de 420 mil euros, nos últimos cinco anos, e de 126.500 euros para o ano lectivo 2024-2025, envolvendo quase 1.100 alunos de sete escolas do concelho do Seixal são outros dos projectos que se mantêm.

A anunciada desistência da ADAT pelo projecto Aldeia do Bombo levou recentemente o vereador do PSD na Câmara Municipal do Seixal, Bruno Vasconcelos, a enviar um requerimento ao presidente da autarquia, Paulo Silva, a pedir esclarecimentos sobre o assunto, referindo que o projecto teve já um significativo financiamento de mais de dois milhões de euros.

"Esta notícia é profundamente preocupante, não apenas pela magnitude dos recursos financeiros envolvidos, mas também pelo impacto negativo que tem na comunidade local sobre a credibilidade das instituições responsáveis. Como representante do Partido Social-Democrata no Seixal, sinto-me compelido a exigir uma resposta urgente e transparente sobre o assunto", refere o vereador no requerimento.