FMI prevê Portugal a crescer 1,7% este ano e 2,1% no próximo
Fundo está mais optimista do que há seis meses e continua a ver Portugal a crescer mais do que a média da zona euro.
Em sentido contrário ao da média da zona euro, Portugal viu nesta terça-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI) rever em alta a sua previsão de crescimento para este ano, antecipando agora um ritmo de actividade económica que fica ligeiramente acima daquele que é projectado pelo Governo.
Nas previsões de Primavera, o fundo mostra estar mais pessimista em relação à força da retoma da economia da zona euro do que estava em Outubro, devido ao que diz ser um “sentimento dos consumidores persistentemente fraco”. No entanto, Portugal, à semelhança do que acontece, por exemplo, com a Espanha, é uma das excepções nessa deterioração das expectativas relativamente à economia europeia.
O FMI, que em Outubro apontava para um crescimento da economia portuguesa de 1,5% em 2024, prevê agora que a variação do produto interno bruto (PIB) chegue a 1,7% este ano.
Esta projecção é mais positiva do que a presente no Programa de Estabilidade entregue nesta segunda-feira na Assembleia da República, um documento realizado considerando um cenário de políticas invariantes, isto é, sem levar em conta o eventual impacto de medidas que venham ainda a ser tomadas e onde o Governo antecipa um crescimento de 1,5% ao longo deste ano.
A nova previsão do FMI fica no entanto abaixo da realizada pelo Banco de Portugal há menos de um mês e que aponta para um crescimento de 2% em 2024.
No que diz respeito à zona euro, os responsáveis do FMI passaram a antecipar que a economia, depois de crescer apenas 0,4% em 2023, registe uma retoma muito modesta este ano, com uma variação do PIB de 0,8%. Em Outubro, o fundo esperava que a economia da moeda única crescesse 1,2% este ano e mesmo em Janeiro a sua previsão era ainda um pouco mais positiva, de 0,9%.
Feitas as contas, as previsões do FMI passam a apontar para um cenário em que o diferencial de crescimento de Portugal face à média da zona euro euro é ainda mais positivo do que era há seis meses.
Depois de, em 2023, Portugal ter crescido 2,3% e a zona euro apenas 0,4%, este ano, o crescimento português de 1,7% deverá ficar ainda 0,9 pontos percentuais acima da média dos parceiros do euro. E, em 2025, a convergência face à média europeia é para manter, segundo o FMI, que prevê um crescimento de 2,1% em Portugal e de 1,5% na zona euro.
As previsões do FMI para Portugal são, no que diz respeito à inflação, de um recuo de 5,3% em 2023 para 2,2% este ano e 2% em 2025, com a taxa de desemprego a manter igualmente uma trajectória de diminuição progressiva, passando de 6,6% em 2023 para 6,5% em 2024 e 6,3% em 2025.
O fundo também acredita que a economia portuguesa irá conseguir manter, tanto neste ano como no próximo, uma posição excedentária face ao exterior, com a balança de transacções correntes a ficar próximo dos 1,5% do PIB.
Juros a diminuir
Numa conjuntura de retoma lenta na economia europeia, em particular na Alemanha (para a qual prevê um crescimento de apenas 0,2% este ano), o FMI antecipa também que, na segunda metade deste ano, se irá começar a assistir a uma descida das taxas de juro.
A previsão é a de que a inflação caminhe para a meta de 2% definida pelo Banco Central Europeu, chegando aos 2,4% este ano e a 2% em 2025, e por isso a expectativa é a de que, até ao final deste ano, as taxas de juro de referência da autoridade monetária da zona euro passem dos 4% actuais para cerca de 3,3%. Isto é, o FMI aposta que o BCE realize três cortes de 0,25 pontos percentuais (ou 25 pontos-base) até ao final deste ano.
A expectativa nos mercados é a de que o primeiro destes cortes ocorra já em Junho, numa altura em que Christine Lagarde e os seus pares dão cada vez mais sinais de que estão a ficar tranquilos com a evolução da inflação.
O fundo também antecipa, no relatório publicado nesta terça-feira, que a Reserva Federal dos EUA reduza as taxas de juro na maior economia mundial, este ano, de 5,4% para 4,6%.