As barragens do Algarve dispõem actualmente de mais 6,6 hectómetros cúbicos (hm3) de água do que no período homólogo do ano passado, situando-se nos 45% da sua capacidade total, revelou nesta terça-feira a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
"As seis albufeiras que abastecem a região do Algarve totalizam um volume de cerca de 199 hm3 (correspondente a 45% da capacidade total de armazenamento). Face à semana passada, ocorreu um aumento de cerca de 0,8 hm3. Face ao período homólogo de 2023, regista-se um aumento de aproximadamente sete hm3 de água armazenada", indicam dados da APA sobre o volume existente nas reservas superficiais da região na segunda-feira (15 de Abril).
De acordo com os dados, a que agência Lusa teve acesso, as piores percentagens de armazenamento verificam-se no barlavento (oeste), com as barragens do Arade e do Bravura a 18% e a 22%, respectivamente.
As outras duas barragens do barlavento, as de Odelouca e o Funcho, encontram-se respectivamente nos 46% e 55%, enquanto as duas albufeiras da zona do sotavento (este), as de Beliche e Odeleite, estão com níveis respectivos de 43% e 51% da sua capacidade total.
Se Beliche, Odeleite, Funcho e Arade estão agora com menos capacidade do que há um ano, com dados que oscilam entre menos 5,1 hm3 em Odeleite e os 0,4 hm3 no Funcho, a situação é distinta nas barragens de Odelouca e da Bravura, que dispõem de mais 13,4 e 3,1 hm3 do que no mesmo período de 2023.
Aliviar ou não as restrições
Apesar de as chuvas registadas nos primeiros meses do ano e no período da Páscoa terem melhorado as reservas na região, as autoridades ambientais têm vindo a alertar que a situação de seca se mantém no Algarve e é necessário continuar a adoptar medidas de controlo do consumo.
O sector agrícola é o mais penalizado pelas medidas de contingência adoptadas para fazer face à seca que afecta o Algarve e as associações de regantes já se posicionaram publicamente a favor de um alívio das restrições para a agricultura, permitindo aos produtores, sobretudo os de citrinos no barlavento, salvaguardar a produção.
No início de Abril, a APA anunciou que iria fazer este mês "a avaliação da situação hidrológica e respectivas projecções, para determinar a possibilidade de revisão das condicionantes em vigor na região".
No entanto, salientou que qualquer decisão teria de "continuar a assegurar em cada momento o armazenamento do volume necessário para um ano de abastecimento público nas diferentes origens naturais utilizadas".
O Algarve está em situação de alerta devido à seca desde 5 de Fevereiro, tendo o Governo aprovado um conjunto de medidas de restrição ao consumo, nomeadamente a redução de 15% no sector urbano, incluindo o turismo, e de 25% na agricultura.
A estas medidas somam-se outras como o combate às perdas nas redes de abastecimento, a utilização de água tratada na rega de espaços verdes, ruas e campos de golfe ou a suspensão da atribuição de títulos de utilização de recursos hídricos.
O Governo já admitiu elevar o nível das restrições, declarando o estado de emergência ambiental ou de calamidade, caso as medidas agora implementadas sejam insuficientes para fazer face à escassez hídrica na região.