Com o 25 de Abril, Portugal entrou numa era de ouro no que toca ao cinema, devido ao enorme número de produção. Com a entrada de Portugal na União Europeia, em 1986, a produção audiovisual portuguesa começou a receber mais investimento e a ter maior visibilidade internacional. Isso levou a uma maior procura por profissionais especializados em guionismo, o que ajudou a impulsionar a profissão.
Apesar do aumento da produção audiovisual em Portugal, o guionismo continua a ser subvalorizado. Muitos produtores preferem escrever os seus próprios guiões, em vez de contratar profissionais. A ausência de formação académica específica em guionismo e o baixo reconhecimento governamental também contribuem para a falta de prestígio da profissão.
Apesar desses desafios, há uma crescente comunidade de guionistas em Portugal que estão a tentar para mudar a percepção da profissão e melhorar as condições de trabalho e a remuneração. No entanto, ainda há muito trabalho por fazer para que seja reconhecida como uma profissão valiosa na indústria audiovisual portuguesa.
Comparado com outras profissões criativas, como actores, realizadores e produtores, os guionistas muitas vezes são vistos como menos importantes. No entanto, sem um bom guião, um filme ou um programa de televisão não podem ser bem-sucedidos.
A falta de reconhecimento da profissão em Portugal dificulta que escritores amadores como eu encontrem trabalho na área. Muitas produtoras não estão interessadas em contratar guionistas, o que torna quase impossível ganhar experiência na área.
É uma profissão pouco valorizada e mal remunerada. Os guionistas portugueses normalmente ganham dinheiro ao escrever para televisão e publicidade, mas muitos não têm contratos a longo prazo, ficando sem garantia de trabalho futuro. Isso leva a uma situação precária, onde precisam saltar de projecto em projecto para sobreviver, sem protecção contratual adequada.
O mercado de guionistas em Portugal é altamente competitivo, resultando em baixos salários e falta de oportunidades. Muitos guionistas enfrentam trabalhos mal pagos ou projectos indesejados. Por exemplo, eu mesmo tive de aceitar um trabalho freelance por 100 euros por guião, após escrever três guiões como "estágio" não remunerado, dada a falta de outras oportunidades. Infelizmente, mesmo após meses de busca e mais de 200 e-mails enviados, essa foi a melhor oferta que consegui. Muitas empresas em Portugal não valorizam o trabalho dos guionistas, levando à desmotivação e à precariedade financeira nesta profissão.
Segundo o CDADC (Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de Março), os direitos de autor são os direitos conferidos ao criador intelectual de uma obra para utilizá-la ou autorizar sua utilização por terceiros. Esses direitos têm duas formas: patrimonial, que permite ao autor dispor da obra ou cedê-la, e moral, que protege a integridade da obra e o nome do autor. Os guionistas são considerados autores de obras audiovisuais e, como tal, têm direitos de autor sobre os seus guiões. Estes direitos incluem o direito de reproduzir a obra, o direito de distribuir a obra, o direito de comunicar a obra ao público e o direito de transformar a obra.
No entanto, muitos guionistas portugueses enfrentam problemas com os seus direitos autorais, já que frequentemente cedem esses direitos às produtoras audiovisuais em troca de um pagamento único. Esta prática tem sido criticada, pois os guionistas sentem que seus direitos não são valorizados adequadamente. É preciso tomar medidas para valorizar mais esta profissão e garantir que os direitos autorais dos guionistas sejam respeitados e valorizados. Tem de haver uma mudança estrutural para um futuro promissor nesta área.