Foi há cinco anos: Notre-Dame só reabre em Dezembro mas começa a mostrar tesouros restaurados

Cinco anos depois do incêndio que abalou o importante edifício parisiense, uma exposição mostra os “Mays”, o tapete do rei Carlos X e o novo mobiliário da catedral. Mas restam questões sobre o futuro.

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Um detalhe de um dos "Mays" DRAC
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O trabalho dos conservadores DRAC
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O incêndio a 15 de Abril de 2019 Benoit Tessier/Reuters
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Foi um daqueles momentos que parou milhares frente aos televisores ou, em Paris, cidadãos em choque com as chamas que consumiam a Catedral de Notre-Dame, fundadora do estilo gótico, ícone francês, símbolo do cristianismo e perda patrimonial de importância maior na Europa. Há cinco anos, cumpridos segunda-feira, um violento incêndio parecia deitar tudo a perder. Mas não: dia 24 começam a vislumbrar-se algumas preciosidades resgatadas, como é o caso de 13 dos chamados “Mays”, óleos de alguns dos melhores artistas do século XVII, que serão mostrados no Mobilier National.

No total, serão 21 as pinturas em exposição ao público (até 21 de Julho), entre as quais as Mays, óleos que moravam nas capelas laterais da catedral e que se salvaram – foram concebidos por grandes pintores como Charles Le Brun, Laurent de La Hyre ou Charles Poerson. Fazem parte de um conjunto de 76 óleos de grande dimensão, 13 dos quais ainda estavam na catedral e que foram resgatados das chamas no dia seguinte ao fogo de 15 de Abril de 2019.

São assim chamados em alusão ao mês de Maio, que à época em francês se grafava “may”. Era no primeiro de Maio que a Confraria de Ourives de Paris oferecia uma pintura de grandes dimensões à igreja em honra da Virgem Maria. Foram oferecidos 76 “Mays” e 13 estavam à vista do público em 2019 na catedral. Hoje em dia, e depois da Revolução Francesa e da muito criticada intervenção do arquitecto Eugène Viollet-le-Duc (que mandou instalar o pináculo ou flecha que se desfez nas chamas de 2019) e que mandou retirar as pinturas e decorações medievais da catedral, só se conhece o paradeiro de 52 dos “Mays”. Os que regressaram, há cerca de 115 anos, foram colocados nas capelas laterais e não na sua posição original, nos pilares da nave.

Dispersos e alguns de paradeiro desconhecido, há sete nas reservas do Museu do Louvre, por exemplo; há sete em colecções privadas no Reino Unido, outros espalhados por igrejas francesas. A exposição vai permitir vê-los em conjunto e pela ordem que foram feitos, algo que se perdera com os séculos.

“Tivemos a sorte de os retirar muito rapidamente com apenas alguns danos causados pela água e pó. Foi bastante milagroso”, disse ao diário britânico The Guardian o director das colecções do Mobilier National, Emmanuel Pénicaut. O Mobilier National é o organismo responsável pela conservação do património móvel francês e vai receber esta exposição para depois as pinturas serem devolvidas à catedral para a sua reabertura.

Os trabalhos de restauro contaram com a colaboração do Centre de Recherche et de Restauration des Musées de France (C2RMF), e visaram ainda “outros objectos de mobiliário notáveis” entre os quais o famigerado Tapis de chœur de Notre-Dame de Paris, um tapete encomendado por Carlos X para a nave central da catedral. É um objecto classificado como monumento histórico, feito de lã e com cerca de 200 metros quadrados, sendo raramente utilizado. A ele se juntam outras 14 tapeçarias do século XVII.

A exposição irá também mostrar “peças contemporâneas concebidas para remodelar a catedral”, revelando-se publicamente “o novo mobiliário litúrgico e dos assentos, resultado de um concurso lançado pela Diocese de Paris em 2023”, indicam as Direcções Regionais dos Assuntos Culturais (DRAC) em comunicado. O autor do baptistério, altar, cátedra, ambão e tabernáculo é Guillaume Bardet; o protótipo dos novos assentos para os fiéis, concebidos por Ionna Vautrin, também estará em exposição.

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