Vai à praia? Só ontem, em Carcavelos, houve 22 resgates no “mar de Inverno”
Quatro pessoas foram resgatadas do mar no Estoril em pré-afogamento. Autoridade Marítima e IPMA alerta para fundões e agueiros. Temperaturas vão descer, mas o bom tempo mantém-se.
A maior afluência às praias motivada pelo aumento das temperaturas este fim-de-semana já resultou em dezenas de resgates no mar nas últimas horas, confirmou a Autoridade Marítima Nacional (AMN) ao PÚBLICO. Só na praia de Carcavelos, em Cascais, 22 pessoas foram resgatadas esta sexta-feira por estarem em risco de afogamento. Este sábado, na Praia do Tamariz, no Estoril, também em Cascais, quatro pessoas foram resgatadas do mar em situação de pré-afogamento.
Da ocorrência, registada pouco depois das 13h, de acordo com a página da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, resultaram duas vítimas em estado grave, que foram encaminhadas para o hospital — uma para o Santa Maria, em Lisboa, e outra para o Hospital de Cascais. No local estiveram a Polícia Marítima e a Polícia de Segurança Pública (PSP), o INEM e os Bombeiros de Estoril.
São casos que se juntam ao de um rapaz de 16 anos que desapareceu esta sexta-feira na praia de Salgueiros, em Vila Nova de Gaia, depois de ter ido ao mar e ter sido apanhado por uma onda. O alerta para o desaparecimento foi dado pouco depois das 18h30 e as buscas estenderam-se durante duas horas. Os esforços de busca e salvamento retomados esta manhã, mas o paradeiro do jovem, que tinha nacionalidade marroquina e que não sabia nadar, continua por apurar.
É que as temperaturas são de Verão, alguns graus acima da média registada na Primavera em Portugal, as condições do mar continuam a ser as da estação passada. O "mar de Inverno", como lhe chamam as autoridades num comunicado lançado ainda na sexta-feira pela AMN, "apresenta um risco elevado devido aos efeitos da agitação marítima".
A ondulação forte, típica neste período do ano, altera a morfologia da beira-mar. É por isso que esta altura do ano é mais propícia ao surgimento de zonas de fundões, de regiões com declives acentuados e de agueiros — isto é, correntes que varrem os banhistas para longe da costa. Estes fenómenos são, de resto, a maior causa de morte por afogamento nas praias portuguesas.
Para evitar situações como esta, a Autoridade Marítima Nacional deixa uma lista de quatro conselhos para amenizar o risco, sobretudo em praias que não são vigiadas e onde o socorro pode, por isso mesmo, ser mais demorado: mantenha-se afastada da água e evite caminhadas na areia molhada, esteja sempre atento às crianças e não as deixe afastar-se muito dos adultos, não vire costas ao mar para não ser surpreendido por uma onda e, caso testemunhe uma situação de perigo, não entre na água — ligue, isso sim, para o número de emergência.
Conselhos que servem para os próximos dias, uma vez que o bom tempo ainda deve persistir pelo menos durante o início desta semana em Portugal Continental, embora com uma descida da temperatura a partir de segunda-feira. A previsão do IPMA até quarta-feira indica que se espera "céu pouco nublado ou limpo" na generalidade do território nacional.
Depois de um sábado em que os termómetros alcançaram os 30ºC nos distritos de Leiria e Setúbal, e em que chegaram mesmo aos 31ºC em Santarém, o calor de domingo será praticamente o mesmo: esperam-se 28ºC em Lisboa; e 25ºC no Porto e Faro.
Na segunda-feira haverá uma "descida de temperatura, em especial da máxima" em quase todas as regiões do país — menos na costa sul do Algarve, onde ela ainda vai subir aos 30ºC antes de começar também a descer, a partir de terça-feira.
Mesmo no arquipélago da Madeira, que está sob aviso amarelo de tempo quente até ao fim da tarde de domingo, com temperaturas próximas dos 30ºC, o céu estará pouco nublado pelo menos até terça-feira e a descida das temperaturas será pequena.
Nos Açores, onde há previsão de céu muito nublado e chuva nos próximas dias, espera-se um pequeno aumento da temperatura na segunda-feira.
A maior preocupação, no entanto, é a a nuvem de poeiras do Saara que afectará o estado do tempo e a qualidade do ar até até à madrugada de terça-feira: "É possível que o azul do céu se apresente com um tom mais pálido do que o habitual, quase esbranquiçado, visível a olho nu", descreveu o IPMA, avisando também para o depósito destas poeiras à boleia da chuva.