Aprovado primeiro curso de doutoramento no ensino politécnico
Curso de doutoramento em Engenharia de Sistemas Inteligentes arranca em Setembro no Instituto Politécnico de Bragança.
A Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3Es) aprovou o primeiro curso de doutoramento no ensino politécnico. O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) vai ser o primeiro a poder atribuir o grau de doutor, com o curso em Engenharia de Sistemas Inteligentes, que “foi acreditado por seis anos sem qualquer condicionamento”, segundo anunciou a instituição em comunicado.
Ministrado “em estreita articulação com empresas”, o curso arranca em Setembro e as inscrições abrem em breve, adianta o IPB, que aguarda a decisão da A3Es relativamente a mais dois cursos de doutoramento que estão em avaliação, um em Engenharia de Biossistemas e outro em Tecnologia e Produtos de Base.
"É um doutoramento inovador, na medida em que obriga a que parte da formação seja feita em contacto com as empresas", destacou o presidente do IPB, Orlando Rodrigues, em declarações à RTP.
Foi em Fevereiro de 2023 que a Assembleia da República aprovou alterações à lei de bases do sistema educativo e do regime jurídico das instituições do ensino superior que alargaram aos institutos politécnicos a possibilidade de conferir o grau de doutor, como há anos reivindicavam as instituições deste sector.
Mas este grau apenas pode ser outorgado por instituições que obedeçam a critérios exigentes, nomeadamente o de ter 75% dos docentes do doutoramento integrados em unidades de investigação próprias com a classificação mínima de muito bom.
Orlando Rodrigues lembrou que a aprovação do doutoramento "foi uma luta difícil" que obrigou o Instituto Politécnico de Bragança a demonstrar que tinha "capacidade científica, uma vez que para se poder ministrar um curso de doutoramento "é preciso ter um centro de investigação classificado como muito bom ou excelente". O IPB tem "dois com a classificação de excelente" — são os centros de Investigação e Digitalização e Robótica Inteligente e o de Investigação de Montanha, a que se junta ainda o Laboratório Associado para a Sustentabilidade e Tecnologia em Regiões de Montanha.
O doutoramento em Engenharia de Sistemas Inteligentes visa preparar profissionais e investigadores “com capacidade de exercer autonomamente funções de investigação e liderança em processos de inovação na área multidisciplinar de Engenharia de Sistemas Inteligentes”, que incluem “electrónica, automação e robótica, sistemas ciberfísicos, inteligência artificial, computação avançada e cibersegurança”, acrescenta o IPB.
"A realização de projectos de investigação aplicada de elevado potencial científico, em estreita articulação com empresas e focando o desenvolvimento de soluções inovadoras para problemas práticos e realistas, permitirá o reforço da capacidade tecnológica nacional e desempenhará um papel dinamizador da região de Trás-os-Montes”, conclui.
O instituto tem actualmente cerca de duas centenas de estudantes a fazer doutoramentos em universidades portuguesas e espanholas.