Marcelo decide participação na comissão de inquérito ao caso das gémeas depois das europeias
Chega avançou com pedido de constituição da comissão de inquérito ao tema. Marcelo diz que dar resposta agora é fazer campanha eleitoral, adiando comunicação para depois das eleições europeias.
Marcelo Rebelo de Sousa garante que ainda não decidiu se está, ou não, disposto a prestar esclarecimentos na Assembleia da República sobre o "caso das gémeas". O Presidente da República foi questionado sobre se está disponível para participar na comissão parlamentar de inquérito ao tema, iniciativa apresentada, no Parlamento, pelo Chega na passada quarta-feira. Marcelo diz que dar uma reposta significa "imiscuir-se na vida partidária" em pleno período eleitoral, empurrando uma reposta para depois das eleições europeias.
"É muito simples: estamos em campanha eleitoral. Ninguém nota, mas é verdade. Daqui a dez dias ou pouco mais termina o prazo para apresentação de candidaturas e, no dia 9 de Junho, há eleições europeias – que são muito importantes. Em período eleitoral não me pronuncio sobre iniciativas partidárias. Se digo que gosto ou concordo, faço campanha por esse partido. Se digo que não gosto ou discordo, faço campanha contra o partido. Até 9 de Junho não me pronuncio e depois olharei para a realidade e tomarei a decisão", explica o Presidente da República, questionado pelos jornalistas em Santarém.
Além deste esclarecimento, Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para negar a notícia de que não pretendia responder à comissão proposta pelo Chega, alegando que só decidirá depois das eleições.
PS e PSD decidiram não apoiar o desafio do Chega com vista à constituição uma comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas, que envolve o Presidente da República, com o partido liderado por André Ventura a decidir avançar sozinho com um pedido potestativo (obrigatório).
Em causa estão duas gémeas luso-brasileiras com atrofia muscular espinal tratadas com um dos medicamentos mais caros do mundo no Hospital de Santa Maria.
O medicamento Zolgensma terá sido solicitado pelo então secretário de Estado, António Lacerda Sales, através da sua secretária, à directora do Departamento de Pediatria do Hospital Santa Maria. Na base da polémica estão suspeitas de favorecimento com intervenção directa do filho do Presidente da República, Nuno Rebelo de Sousa.