Bélgica investiga alegada interferência russa na campanha para as eleições europeias

A investigação belga foi lançada depois de as autoridades checas terem descoberto agentes pró-russos activos em Bruxelas.

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Alexander De Croo, primeiro-ministro da Bélgica EPA/OLIVIER HOSLET
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A Justiça belga está a investigar a possível interferência russa nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, de acordo com as conclusões fornecidas pelos serviços de informação, revelou esta sexta-feira o primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo.

De acordo com De Croo, os investigadores descobriram que grupos russos estão a interferir nas eleições europeias para fazer avançar candidatos pró-Rússia e, assim, enfraquecer o apoio europeu à Ucrânia contra a invasão russa que dura há dois anos.

“O objectivo é ajudar a eleger mais candidatos pró-russos para o Parlamento Europeu e reforçar uma certa narrativa pró-russa nessa instituição”, disse o chefe do Governo belga. “O enfraquecimento do apoio europeu à Ucrânia serve a Rússia no campo de batalha”, acrescentou.

De Croo adiantou que a investigação belga foi lançada depois de as autoridades da República Checa terem descoberto agentes pró-russos activos em Bruxelas, procurando influenciar e mesmo pagar a eurodeputados para promoverem uma agenda pró-russa.

“A investigação checa mostra que Moscovo abordou deputados europeus e também pagou a deputados europeus para promover uma agenda russa no Parlamento Europeu”, disse De Croo, referindo que os alegados pagamentos não foram efectuados na Bélgica.

Os países ocidentais têm acusado repetidamente os agentes russos de utilizarem as redes sociais e a Internet para difundir informações falsas ou enganosas com o objectivo de promover a Rússia ou tentar influenciar a opinião pública nas campanhas eleitorais. As autoridades russas têm negado repetidamente as acusações.

Nas eleições europeias, que terão lugar entre 6 e 9 de Junho, espera-se que partidos que criticaram o apoio da União Europeia à Ucrânia, como a União Nacional francesa, o Partido da Liberdade austríaco e a AfD alemã, conquistem mais votos em relação às eleições de 2019.

O primeiro-ministro belga afirmou ainda que pediu uma reunião urgente da Agência Europeia para a Cooperação Judiciária Penal (EuroJust) para discutir este assunto e sugeriu que o OLAF, o gabinete antifraude da UE, deveria processar o caso.

“Temos uma responsabilidade e a nossa responsabilidade é garantir que o direito de cada cidadão a um voto livre e seguro possa ser mantido”, afirmou.

Alexander de Croo considera que a UE precisa de “mais ferramentas” para lidar com a propaganda e desinformação, sublinhando que levará o tema ao Conselho Europeu informal da próxima semana.

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