Parlamento Europeu vota reforma da política de migração e asilo da UE
Reforma prevê um controlo reforçado das chegadas de migrantes à UE, transferências mais rápidas dos que não têm direito a asilo e um mecanismo para ajudar países sob maior pressão migratória.
O Parlamento Europeu vota esta quarta-feira, 10 de Abril, a vasta reforma da política de migração e asilo da União Europeia (UE), que prevê combate à imigração ilegal e solidariedade obrigatória, devendo dar ‘luz verde’ às novas regras após quatro anos de discussões.
Depois de o novo pacto em matéria de Migração e Asilo ter sido proposto em 2020 e de ter sido possível, ao longo destes últimos quatro anos, ultrapassar muitas das tensões e divisões entre os Estados-membros da UE, cabe aos eurodeputados dar o seu derradeiro aval às novas regras, que visam uma partilha equitativa das responsabilidades entre os Estados-membros e uma coordenação solidária face aos fluxos migratórios.
Vista como a última oportunidade para aprovar o documento antes das eleições europeias de Junho próximo, a votação decorre no âmbito da mini-sessão do Parlamento Europeu, em Bruxelas, pelas 16h de Lisboa.
De acordo com fontes europeias ouvidas pela agência Lusa, espera-se que haja ‘luz verde’ por parte da assembleia europeia (que é composta por 705 parlamentares), seguindo-se no mesmo dia uma conferência de imprensa da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, em nome da presidência rotativa do Conselho da UE.
Depois, para dia 29 de Abril, está prevista a derradeira votação no Conselho (organismo no qual estão os 27 Estados-membros) por maioria qualificada, segundo as mesmas fontes.
Esta reforma prevê, desde logo, um controlo reforçado das chegadas de migrantes à UE, transferências mais rápidas dos que não têm direito a asilo e um mecanismo de solidariedade obrigatório em benefício dos Estados-membros sob maior pressão migratória.
O mecanismo de solidariedade só estará totalmente em vigor em 2026, sendo que, até lá, a participação é voluntária, para depois se passar para uma contribuição obrigatória dentro da UE na resposta aos requerentes de asilo.
A partir daí, os Estados-membros vão ter de acolher um determinado número de requerentes que chegam a um país da UE sujeito a pressões migratórias e, se recusarem, têm de fazer uma contribuição financeira.
Previsto está o pagamento de uma compensação financeira de 20 mil euros por cada requerente de asilo não recolocado, com os montantes a serem depositados num fundo gerido pela Comissão Europeia e a serem destinados a financiar projectos ligados à gestão da migração.
A UE prevê por ano a recolocação de 30 mil migrantes e uma contribuição de 600 milhões de euros para o fundo destinado a financiar a política migratória.
Num acordo preliminar alcançado em Dezembro passado entre o Parlamento e o Conselho foram estipuladas cinco leis referentes a todas as fases da gestão da migração e do asilo, como rastreio dos migrantes irregulares quando chegam à UE, recolha de dados biométricos, procedimentos para pedidos de asilo, regras para determinar qual o Estado-membro responsável pelas solicitações e a cooperação e solidariedade entre os países e a forma de lidar com situações de crise.
O Novo Pacto em matéria de Migração e Asilo foi proposto pela Comissão Europeia em Setembro de 2020 para gerir a migração a longo prazo.