Música, literatura e cinema no CCB, em Maio, num festival para celebrar a língua e a liberdade

O FeLiCidade acontece dias 4 e 5 de Maio no CCB, em Lisboa, e junta músicos, escritores e filmes para assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa e os 50 anos do 25 de Abril.

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Concertos, performances, diálogos entre escritores, exibições de filmes compõem a programação do FeLiCidade (na fotografia, uma sessão do agora extinto Dias da Música) Nuno Ferreira Santos
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Chama-se FeLiCidade – Festival da Língua e da Liberdade na Cidade e juntará no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, música literatura, performance e cinema para celebração dupla, a dos 50 anos do 25 de Abril e do Dia Mundial da Língua Portuguesa, que se assinala dia 5 de Maio, pondo em diálogo expressões artísticas dos países falantes de português.

Com entrada gratuita e uma programação que se estende das 10h à 1h, o festival pretende ajudar “a reflectir sobre uma relação de centenas de anos" e "discutir a pluralidade de raízes e identidades, sem rasurar a complexidade, a violência e a exclusão da História”, destaca o comunicado de apresentação do festival.

Tal surge plasmado na diversidade de estéticas e origens da programação musical, onde testemunharemos um encontro luso-brasileiro, o de Luca Argel & Filipe Sambado, um encontro luso-guineense, o de Lula Pena e do mestre da kora guineense Braima Galissá, a colaboração entre o grupo de maracatu Baque de Mulher e as Batucadeiras das Olaias ou um concerto conjunto do kuduro punk de Scúru Fitchadú e da contundente crítica social do hip hop feito neurose da portuense AZIA. Entre hip hop, punk rock, música cigana, electrónica ou cabo-verdiana, o festival conta com actuações de Nenny, La Familia Gitana, Trypas Corassão, Acácia Maior, Vaiapraia, MADU, Mynda Guevara, Juana na Rap ou Phoenix RDC com Valete, entre outros.

Na secção Aulas & Glossários, que inclui A Felicidade ou a Vida, por Gonçalo M. Tavares, vamos dos 500 anos de Camões, assinalados por Frederico Lourenço e José Luiz Tavares, aos 100 de Alexandre O’Neill e da aparição de Ricardo Reis, heterónimo de Pessoa ao qual José Saramago dedicaria um dos seus romances. Vamos de Chico Buarque, através das suas Mulheres de Atenas, guiados por Luísa Buarque e João Constâncio, a Caetano Veloso (a sua Língua esmiuçada por Eucanaã Ferraz e Pedro Duarte), passando pela abordagem a autores africanos como Rui Knopfli, Ruy Duarte de Carvalho ou Mário Domingues.

No cinema, por sua vez, o FeLiCidade acolherá a estreia da nova cópia digital de O Primo Basílio, adaptação do romance de Eça de Queiroz realizado por George Pallu em 1923, que terá acompanhamento de Filipe Raposo, autor de uma nova banda sonora que será estreada no CCB. Oportunidade, também, para ver os filmes, em formato instalação, O Marinheiro, do franco japonês Yohei Yamakado, a partir do poema de Fernando Pessoa, e Heterofonia, de Afonso Mota, que parte dos versos de Alberto Pimenta. Serão igualmente exibidos Anquanto La Lhéngua Fur Cantada, de João Botelho, centrado na língua mirandesa, e MHM, documentário sobre Manuel Hermínio Monteiro, editor histórico da Assírio & Alvim, bem como a integral da série Herdeiros de Saramago, criada por Carlos Vaz Marques e realizada por Graça Castanheira.

Festival de encontro e partilha da palavra, o FeLiCidade promove ainda conversas triangulares (diálogo a três em cada sessão) entre escritores de Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor. Participam Mário Lúcio Sousa, José Eduardo Agualusa, Conceição Luna, Daniel Munduruku, Germano Almeida, Telma Tvon, Isabela Figueiredo, Ana Margarida Carvalho, Francisco Bethencourt, Luís Cardoso, Joana Bértholo, Socorro Acioli, Noemi Jaffe, Susana Moreira Marques e Andréa del Fuego.

Enquanto, pelos corredores e espaço público, decorrem performances, se ouvem vozes que recitam, língua feita acção, enquanto se passeia pelo mercado e espaço de gastronomia dos vários países representados, o CCB será palco para sessões de spoken word ou para leituras encenadas em dupla (Raquel Lima e Aoaní Salvaterra, Keli Freitas e Carolina Parreira, Jota Mombaça e Nádia Yracema, Cláudia Jardim e Cláudia Semedo, Sara Carinhas e Selma Uamusse, Tita Maravilha e Nuna), sem esquecer a fatia de programação dirigida ao público infantil. Para ele, haverá oficinas e contadores de histórias a estimular a imaginação.

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