Linha do Oeste sem comboios entre Meleças e Torres Vedras durante quatro meses
Em vez de um troço de 26 quilómetros entre Torres Vedras e Malveira, IP decidiu fechar a linha até Meleças numa extensão de 43 quilómetros.
A partir desta terça-feira, 9 de Abril, a linha do Oeste estará fechada entre Meleças e Torres Vedras para tentar recuperar algum atraso nas obras de modernização em curso, que assim poderão decorrer sem a passagem dos comboios.
Há um mês, e segundo fonte oficial da IP, a empresa tencionava apenas encerrar a linha entre Malveira e Torres Vedras a fim de fazer o rebaixamento do túnel da Sapataria (concelho de Sobral de Monte Agraço), necessário para nele instalar a catenária. Mas, entretanto, foi decidido estender o fecho até à estação de Meleças para “permitir a execução dos trabalhos também em período diurno e a retirada dos constrangimentos que os traçados actuais têm sobre os traçados a construir, assegurando uma melhoria na qualidade e segurança dos trabalhos”. Em causa está a “renovação da plataforma de via-férrea e do armamento de via”, que significa que a linha actual será inteiramente levantada e substituída por novos carris, travessas e balastro.
Idealmente, os trabalhos deveriam concentrar-se na electrificação do troço Meleças - Malveira para que os comboios eléctricos da linha de Sintra já pudessem chegar a esta última estação. Desta forma, quando o túnel fechasse para obras, só haveria transbordo rodoviário entre Malveira e Torres Vedras. Mas a gestora de infra-estruturas explica que “o elevado volume de empreitadas da IP com trabalhos da mesma tipologia (electrificação) introduziu um constrangimento no planeamento da empreitada”, pelo que a instalação da catenária só ocorrerá após o período de encerramento. Ou seja, apesar da linha estar fechada quatro meses (se não houver atrasos), quando reabrir, ainda não estará electrificada.
Durante este período a CP assegura transbordo rodoviário neste troço. De Torres Vedras para Norte os comboios continuarão a chegar e a partir à mesma hora. Mas para Sul os horários foram alterados porque o autocarro demora mais tempo do que o comboio a servir as estações e apeadeiros do troço encerrado.
Fonte oficial da transportadora pública diz que “o reajuste na oferta exigido pelas obras foi preparado para minimizar os impactos nos horários já estabelecidos entre Torres Vedras e Caldas da Rainha/Coimbra, não comprometendo o efeito de rede, nem a oferta urbana entre Lisboa e Mira Sintra-Meleças”.
O programa Ferrovia 2020 previa modernizar o troço Meleças – Caldas da Rainha (metade da linha do Oeste) entre 2017 e 2020, mas as obras só começaram em Novembro do ano em que deveriam ter acabado. Quatro anos depois estão longe de estar terminadas após sucessivas derrapagens e várias promessas da IP – nunca cumpridas – que estariam concluídas no semestre seguinte. Actualmente a IP diz que as obras estarão concluídas em Dezembro deste ano, mas apenas a parte da renovação da via e a electrificação. A sinalização electrónica e instalação de modernos sistemas de telecomunicações fica para 2025.
As obras em curso representam um investimento de 98,9 milhões de euros, comparticipados em 39% por fundos comunitários no pressuposto de que seriam gastos até Dezembro de 2023. A IP nunca esclareceu se e qual o montante de fundos comunitários que se terão perdido pelo não cumprimento dos prazos.