SOS Racismo considera “inaceitável” violência policial sobre quatro jovens

Episódio ocorreu na semana passada em Setúbal e já deu origem a um inquérito da IGAI e uma averiguação da PSP.

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PSP já iniciou um processo interno de averiguação Rui Gaudencio
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A associação SOS Racismo condenou esta segunda-feira um episódio de violência policial sobre quatro jovens que foram agredidos na semana passada por agentes da PSP de Setúbal, considerando “inaceitável” o sucedido.

“Nunca é de mais relembrar que as forças policiais deveriam ser garantes do Estado e da Constituição da República Portuguesa, com dever de protecção para com todas as pessoas. Não é aceitável que uma força que deve ser protectora seja antes uma agressora quando perante pessoas racializadas”, afirma a associação num comunicado.

Na madrugada da terça-feira da semana passada, um grupo de jovens terá tentado furtar uma viatura, dando origem a uma intervenção policial. Nas imagens que circulam nas redes sociais, vê-se um carro no meio da rua e junto dele alguns suspeitos imobilizados no chão e dois agentes com cassetetes a baterem-lhes.

A determinada altura, um polícia pergunta, aos berros: Porque não tens identificação? Porque não tens identificação?, enquanto continua a bater com força com a cassetete. Ouve-se de seguida: “Ai! Ai! Ai!” De início, surgem no vídeo três agentes fardados, chegando um quarto logo a seguir. No fim aparecem mais dois e ouve-se um alerta: “Atenção às janelas!” De seguida, é audível uma pergunta que aparenta ser uma referência a um dos agredidos: “Como é que ele está?”

Um dos jovens foi identificado pela CNN Portugal como sendo um jovem negro de 17 anos, jogador júnior de futebol do Sporting. Os restantes elementos não foram publicamente identificados​.

Na sequência da primeira notícia, divulgada na passada quarta-feira pela SIC, a PSP iniciou um processo interno de averiguação e, no dia seguinte, a Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) confirmou ter aberto igualmente um processo para esclarecer os contornos do episódio.

“É essencial investigar com rigor e isenção as agressões perpetradas, identificar os seus responsáveis e condenar os mesmos. E é fundamental prevenir outros episódios de violência”, defende a SOS Racismo. E acrescenta: “O recrutamento e formação dos profissionais das forças de segurança têm de incluir critérios e medidas explicitamente focadas na prevenção de ódio racial e xenófobo.”

A associação anti-racista defende que a “vigilância e condenação da violência policial têm de funcionar sem entraves e com o devido escrutínio e as vítimas têm de ter justiça e de ver reparados os seus danos”.

A SOS Racismo realça que este ano, em que se comemoram os 50 anos do 25 de Abril, nos confrontamos “tragicamente com as suas conquistas”: “Vemos 50 deputados de extrema-direita no Parlamento e um agravamento do clima de vulnerabilidade para as comunidades racializadas e migrantes. Por estes motivos, nunca é de mais reafirmar que é fundamental condenar a violência policial.

A rematar o comunicado, a SOS Racismo sublinha: “A violência policial é inaceitável e o seu fim não pode ser adiado!”

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