Faculdade de Arquitectura do Porto evoca o SAAL a propósito do 25 de Abril

Mais do que casas: liberdade, pluralidade, prospectiva é uma iniciativa interna da FAUP, mas aberta ao público em geral. Tem conferências, mesas-redondas, cinema e música...

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Fotograma do filme As Operações SAAL (2007), de João Dias Manuel Dias
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“Em arquitectura, não se pode evocar o 25 de Abril sem falar dos tempos do programa SAAL [Serviço de Apoio Ambulatório Local], quando, no Porto, a Escola de Belas Artes se abriu à cidade, ao campo, à sociedade e foi conhecer a realidade local e falar com as pessoas”. Foi com esta convicção que o arquitecto e professor Luís Soares Carneiro coordenou a iniciativa da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), Mais do que casas: liberdade, pluralidade, prospectiva, que entre esta segunda-feira e o dia 25 de Abril vai assinalar os 50 anos da Revolução dos Cravos.

Além de um programa académico interno – o mestrado integrado –, o calendário de iniciativas a decorrer nas instalações da instituição abre-se à cidade e a todas os interessados, com a realização de conferências e mesas-redondas, mas também exposições, sessões de cinema, concertos e oficinas.

O SAAL, um programa estatal de construção de habitação social nos dois anos subsequentes ao 25 de Abril de 1974, com resultados diversos em diferentes regiões do país, “foi absolutamente essencial para a arquitectura portuguesa posterior, e para a sua projecção internacional”, nota Luís Soares Carneiro, citando, entre outros, os casos paradigmáticos de Álvaro Siza e de Eduardo Souto de Moura.

Na agenda deste capítulo da iniciativa Mais do que casas – um programa de reflexão crítica sobre os desafios contemporâneos da habitação e do espaço público, que a FAUP lançou já em 2023, com curadoria de Teresa Novais e Luís Tavares Pereira –, o SAAL vai ser evocado com uma conferência, esta terça-feira, e uma mesa-redonda, na quarta (sempre às 17h30). Na primeira, três docentes da faculdade, Ana Alves Costa, Ana Catarina Dinis e José Alberto Lage, vão falar da história daquele programa e do que ele pode significar na actualidade. No dia a seguir, sob moderação da jornalista Ana Sousa Dias, vários arquitectos que foram protagonistas dessa aventura vão evocar O tempo do SAAL: Alexandre Alves Costa, Domingos Tavares, Sergio Fernandez, Pedro Ramalho, Manuel Correia Fernandes, Carlos Guimarães e Marta Oliveira.

O espírito das Belas Artes

Por trás desta iniciativa, realça o seu coordenador, está a celebração do 25 de Abril. Passados 50 anos sobre a Revolução, “a Universidade tornou-se muito académica, de certa maneira muito liceal, até”, constata Luís Soares Carneiro. Daí este desafio, agora lançado aos alunos da FAUP, para retomarem aquilo que foi o espírito renovador da Escola de Belas Artes do Porto (que então integrava o curso de Arquitectura) nesses tempos de mudança.

“O tema que escolhemos não é a ‘Estrada da Circunvalação’ – que, historicamente, foi uma muralha da cidade do Porto –; é antes o que está de um lado e do outro, é abrir o debate à sociedade e ao país”, nota o docente e coordenador, explicando que, para tal, a FAUP lançou o desafio a que os seus estudantes liderassem o debate, trabalhassem em grupo e fossem além da discussão mais estrita sobre o que é construir uma casa.

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Cartaz da conferência de abertura de Alexandre Alves Costa, com fotografia de Luís Ferreira Alves DR

O repto parece ter sido aceite, já que a iniciativa mobilizou a inscrição de mais de 400 alunos e 65 professores, que ao longo de duas semanas e meia vão participar nas diferentes iniciativas.

Entre elas, alguns destaques: a conferência de abertura, Três Tempos (esta segunda-feira, às 11h), em que Alexandre Alves Costa irá falar do antes, durante e depois do 25 de Abril. No mesmo dia, às 17h30, é exibido o filme que marcou o início do Cinema Novo português, Verdes Anos (1963), de Paulo Rocha; uma segunda sessão de cinema acontecerá no dia 15, com a exibição do documentário de André Guiomar, A Nossa Terra, o Nosso Altar, sobre o impacto social da demolição do Bairro do Aleixo, no Porto. E ainda conferências de arquitectos como Nuno Brandão Costa (dia 18), ou Gonçalo Byrne (dia 24). Ver programa detalhado aqui.

A entrada é livre em todas as sessões a partir das 17h30.

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