Panfleto em que a McDonalds congratula exército israelita não é autêntico

Nas redes sociais, vários utilizadores partilharam imagens de um panfleto no qual, supostamente, a McDonald’s dá os parabéns ao exército israelita em Gaza. Panfleto terá sido feito por activistas.

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A McDonald's confirmou à Reuters que o panfleto não é autêntico Reuters/EVGENIA NOVOZHENINA
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A publicação

O contexto

Vários utilizadores nas redes sociais têm divulgado a imagem de um alegado panfleto da McDonald’s no qual a empresa de restauração terá deixado uma mensagem a congratular o exército israelita pelas acções levadas a cabo em Gaza.

“Mais de 30.000 civis foram assassinados até agora durante o genocídio em Gaza. Parabéns à IDF [Forças de Defesa de Israel, na sigla em inglês]”, começa por dizer o texto. “Orgulhamo-nos de dizer que a McDonalds fornece refeições gratuitas ao exército israelita, especialmente enquanto o resto de Gaza passa fome.”

“Simplesmente não queremos saber. Obrigado pelas vossas compras”, conclui.

Numa das partilhas, a imagem surge acompanhada pela frase “Na próxima vez que pensarem em ir ao McDonalds, simplesmente evitem”.

No entanto, em algumas das publicações do texto surgem com um aviso do Facebook na parte inferior a indicar “falta de contexto”. Há ainda quem diga que os panfletos não são autênticos e serão da autoria por activistas e colocados em vários restaurantes da cadeia de fast food.

Os factos

Os panfletos terão sido, efectivamente, feitos por activistas pró-Palestina. Com uma breve pesquisa no Google com as palavras “McDonald’s Customer Notice” (“aviso aos clientes do McDonalds”, em tradução livre), um dos primeiros resultados é uma página de Instagram chamada Art workers for Palestine Scotland (artistas da Escócia pela Palestina).

A 24 de Março, o colectivo partilhou um carrossel com fotografias de vários panfletos colocados, aparentemente, em vários restaurantes McDonald’s diferentes. “Imprimam os vossos próprios PDF na bio!! É hora de escalar o boicote à McDonald’s”, lê-se na descrição da publicação. Uns dias antes, a 18 de Março, tinham feito uma publicação semelhante, com apenas uma imagem: “Avisos aos clientes têm aumentado em McDonald’s à volta de Glasgow. PDF agora na nossa bio para que possam imprimir os vossos!”.

A 17 de Março, foi publicado pela página uma fotografia com vários panfletos diferentes de apoio à Palestina. No canto superior esquerdo é visível uma pilha de papéis semelhantes aos divulgados em McDonald’s. Na descrição, a página a refere-se aos panfletos como “falsos avisos aos clientes do McDonald’s”.

O PÚBLICO tentou questionar a empresa sobre o assunto, mas não recebeu uma resposta em tempo útil. À Reuters, porém, a McDonald’s Corporation sublinhou que os panfletos não são autênticos.

É verdade que a cadeia McDonald’s de Israel ofereceu refeições gratuitas aos militares do exército, ainda em 2023, como escreveu a Reuters a 17 de Outubro. Na ocasião, a McDonald’s da Arábia Saudita disse, em comunicado que se tratava de uma “decisão individual” da franquia em Israel. “Nem a McDonald’s global, nem nós, nem qualquer outro país teve um papel ou relação com essa decisão, nem directamente, nem indirectamente”, lê-se no excerto divulgado pela agência de notícias.

O boicote global à cadeia de fast-food já se repercutiu nas vendas. Segundo a BBC News, em Fevereiro de 2024 a McDonald’s teve a sua primeira perda de vendas trimestral em quase quatro anos. As acções da empresa caíram também, depois do anúncio, 4% na bolsa norte-americana.

Esta quarta-feira, a McDonald’s anunciou a compra dos 225 restaurantes da cadeia em Israel que eram geridos há mais de 30 anos pela empresa Alonyal Limited. Como esclarece a McDonald’s na sua página de perguntas e respostas, “90% dos restaurantes McDonald’s são de propriedade independente e operados por franqueados”.

Veredicto

Os alegados panfletos do McDonald’s a congratular o exército israelita em Gaza foram feitos por activistas pro-Palestina.

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