Israel aprova reabertura da passagem de Erez para Gaza e uso temporário do porto de Ashdod
Joe Biden exigiu medidas “específicas e concretas” para aliviar a crise humanitária em Gaza, referindo que poderiam ser impostas condições à ajuda dos EUA se Israel não respondesse a este pedido.
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Israel aprovou nesta sexta-feira, 5 de Abril, a reabertura da passagem de Erez para o norte de Gaza e a utilização temporária do porto de Ashdod, no sul de Israel, após exigências dos EUA para que o país permitisse e aumentasse o fornecimento de ajuda humanitária ao enclave sitiado.
Na noite de quinta-feira, numa chamada com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, Joe Biden exigiu medidas "específicas e concretas" para aliviar a crise humanitária em Gaza, referindo que poderiam ser impostas condições à ajuda dos EUA se Israel não respondesse a este pedido, ameaçando mesmo o responsável israelita com uma mudança nas relações políticas entre os dois países.
O assassinato de sete trabalhadores humanitários num ataque israelita na noite de segunda-feira provocou uma onda de indignação global face à crise contínua na entrega de ajuda a Gaza.
Em comunicado, o Governo de Israel disse que o seu gabinete de segurança aprovou "medidas imediatas" para aumentar a ajuda humanitária à população civil na Faixa de Gaza, com a finalidade de “evitar uma crise humanitária” e “assegurar a continuação dos combates”.
Além de reabrir um ponto de passagem de Erez, que está fechado desde que foi parcialmente destruído durante o ataque de 7 de Outubro de 2023 a Israel, o gabinete de segurança também aprovou o aumento do fluxo de ajuda vinda da Jordânia através do ponto de passagem de Kerem Shalom.
Os Estados Unidos já saudaram as mais recentes medidas adoptadas por Israel para permitir que mais ajuda humanitária chegue a Gaza, mas o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, disse que o sucesso destes "esforços" será medido pelos resultados no terreno.
“A prova estará nos resultados e veremos o desenrolar destas medidas nos próximos dias e semanas”, disse Blinken, que falava ao lado dos líderes da UE na Bélgica.
Questionado acerca das acções tomadas por Israel após a mudança de posição de Biden, Blinken disse aos jornalistas que Washington estará “a observar de perto” algumas métricas específicas, como o número de camiões que entram na Faixa de Gaza e a evolução do risco de fome.
Referiu ainda que Israel precisa de garantir que a população está protegida dos seus ataques, “maximizando todos os esforços para proteger os civis”. “Não podemos permitir que tantas pessoas apanhadas no fogo cruzado sejam mortas e fiquem feridas daqui para frente”, apontou.
Na quinta-feira, várias organizações humanitárias activas na Faixa de Gaza alertaram para as sistemáticas mortes de funcionários seus no enclave, de que o mais recente episódio é o fatal bombardeamento israelita de uma equipa da ONG World Central Kitchen (WCK).
Através de um conjunto de depoimentos por via virtual, seis ONG mantiveram um encontro com diversos media internacionais também para revelar as crescentes dificuldades no terreno, numa situação que consideram inédita.
O ataque aéreo à equipa da WCK ocorreu na passada segunda-feira em Gaza, e registou maior impacto mediático pelo facto de seis das vítimas terem nacionalidade estrangeira.
Notícia actualizada às 10h com declarações de Anthony Blinken